O tapetão rebaixou o Real Brasil para a 2.ª Divisão do Campeonato Paranaense. Por decisão unânime, a 1.ª Comissão Disciplinar do Tribunal de Justiça Desportiva da FPF tirou 12 pontos do time e aplicou multa de R$ 10 mil pela escalação irregular do jogador Erinaldo da Silva Santos em duas partidas.
Com a perda de pontos, o Real fica sem chances de escapar das duas últimas colocações e junta-se à Portuguesa como rebaixados à Divisão de Acesso. Ainda mais grave, o clube do empresário Aurélio Almeida foi suspenso por 720 dias por uso de documento falso. Caso a pena seja confirmada, a equipe não poderá disputar nenhum campeonato no período e teria que voltar na divisão mais baixa do Estado, que seria a 3.ª, hoje em fase de implantação. O jogador pegou a mesma pena que seu ex-clube: 720 dias de gancho.
Num depoimento confuso e cheio de contradições, Erinaldo assumiu toda a culpa pela bagunça e tentou livrar a barra do Real. Ele atuou pelo Iguaçu no Paranaense-2008 com o nome do irmão, Emerson, que usava desde o início da carreira. Depois, contou ter pedido uma chance a Aurélio Almeida para registrar-se com o nome verdadeiro e voltar ao Real, onde já havia passado em 2007. ?O presidente (Aurélio) perguntou se eu havia jogado em outro time no Paranaense com o nome de Emerson. Menti e falei que não?, disse Erinaldo. O jogador disse também que não defendeu o Iguaçu contra o Real por medo de ser reconhecido como o mesmo ?Emerson? que jogava com documento irregular.
Mas os depoimentos não sensibilizaram os auditores, que puniram o clube por 4 votos contra zero com base no artigo 214 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (uso de atleta irregular, que prevê perda de seis pontos por jogo).
O advogado do Real, Alexandre Chemin, confirmou que irá recorrer das penas no pleno do TJD. O segundo julgamento do caso deve ser marcado ainda esta semana. O resultado pode afetar a segunda fase do Estadual, já que pela pontuação original o Real ainda tem chances de se classificar.
Erinaldo é gato confesso
Erinaldo da Silva Santos resolveu colocar a vida a limpo. O jogador confessou ter vivido toda a carreira profissional com o nome do irmão, e se diz pronto para enfrentar as conseqüências esportivas e legais.
O jogador nascido em Santo André (SP) contou ter usado os documentos do irmão Emerson, quatro anos mais jovem, desde o começo da carreira nas categorias de base do Etti Jundiaí, em 2001. ?Comecei tarde, com 17 anos. Foi uma maneira de ter mais oportunidades nas categorias de base?, falou Erinaldo, que contou trabalhar na época como servente de pedreiro.
O jogador afirma que trocou de nome sem interferência de ninguém e que os pais não sabiam da tramóia.
Com a revelação de que é ?gato?, Erinaldo encara com certa naturalidade a provável longa suspensão e um eventual processo criminal por falsidade ideológica. ?Estou preparado para as conseqüências. Mas isso não vai atrasar meu sonho de vencer como jogador de futebol?, disse.