Real Brasil dá calote em hotel e nos jogadores

Depois de ser eliminado do Campeonato Paranaense no tapetão, pelo uso irregular de um jogador, o Real Brasil enfrenta agora outra bronca. Desta vez com o Aymoré Hotel, onde a equipe está hospedada no centro de Curitiba. A proprietária do local, Maria Helena, espera ainda para o início da próxima semana o pagamento de três meses do aluguel do hotel, fechado para o clube como residência e concentração. ?Fizemos um contrato com o Real Brasil, no qual eles nos pagariam no dia 5 de cada mês. Ainda estou aguardando o pagamento de janeiro?, contou ontem a proprietária do Aymoré que disse que já ?queimou as suas reservas financeiras para manter o local em boas condições de uso para os hóspedes?.

Os hóspedes a qual ela se refere são os jogadores do clube Real Brasil, que tem como presidente o controvertido e folclórico empresário Aurélio Almeida. O hotel, de 27 apartamentos tem capacidade para alojar 54 hóspedes. ?Já cheguei neste período a ter 64 pessoas do Real Brasil ?morando? aqui?, disse Maria Helena que se mostra cada vez mais preocupada com a atual situação. Em três oportunidades nesse período foram cortadas a luz e água por falta de pagamento. ?Mesmo assim não consegui cobrar a dívida, e tive que buscar outras alternativas arrumar dinheiro para não atrapalhar a imagem do hotel?, afirmou a dona. O local, que estava fechado, foi arrendado por Maria Helena na metade de 2007. Passou por reformas, pinturas e outras melhorias para atender o público. O próprio Real Brasil já havia permanecido por um mês no local no final do ano passado. ?Tive alguns problemas para receber, mas o Aurélio Almeida acabou me pagando depois?, completou a proprietária acreditando que o ?novo contrato feito?, e a possibilidade do clube realizar uma boa campanha no Estadual, pudessem mudar a relação do clube com o hotel.

Mas segundo Maria Helena não foi o que aconteceu. ?Continuo mantendo a limpeza dos quartos, muda de roupas das camas. A alimentação, café, almoço e janta ficou por conta do Real Brasil que administra essa parte?, disse que já procurou um advogado para tomar as providências necessárias para receber o que lhe devem.

Cartola se defende e ataca

Do lado do Real Brasil, a história é outra. ?Estamos em ordem. Não devemos nada. O que acontece é que estou aguardando um dinheiro que vem do México, para acertamos algumas coisas?, disse ontem à noite por telefone, Aurélio Almeida, presidente do Real Brasil, que iria viaja para o México, onde trataria da transferência de atletas.

O presidente do Real Brasil afirmou que ?está negociando boa parte dos jogadores do clube para outras equipes?. Entre eles estariam interessados do interior paulista, do J.Malucelli – ?estamos fazendo um convênio, um intercâmbio?, e também do exterior. ?Vamos levar o Danilo – atacante – e o Rafael – zagueiro, para um período de testes no Real Madrid-B, da Espanha. Para o México vou levar oito atletas, mas tenho que esperar ainda uns 20 dias. O campeonato mexicano está em andamento?, disse o presidente.

Complô

Sobre os problemas levantados contra seu clube – suspensão de um ano, salários atrasados e falta de pagamento no hotel, onde estão morando os jogadores, Aurélio Almeida responde que ?isso é impressionante?. ?O que estão fazendo conosco, é um complô. Sou proprietário de um clube empresa. Tem outros clubes que estão com mais problemas que eu, e a imprensa não fala?, disse o cartola referindo-se às ações contra o Coritiba.

O presidente do Real Brasil garante que os salários dos jogadores – ?entre 40 e 50, contando com os que participam do ?projeto? – estão em dia, assim como as contas do hotel também estão pagas. ?Houve uma confusão entre a proprietária do hotel e o ex-diretor de futebol – Luiz Carlos Zinha. Repassei vários cheques para eles, acho que dava R$ 80 mil, sendo que parte era do projeto. Tenho os comprovantes disso?, finalizou Aurélio Almeida, prometendo na 2.ª-feira, quando voltasse do México, apresentar os recibos dos pagamentos efetuados.

Dilema, Justiça ou acordo?

Carlos Simon

O gancho de um ano aplicado pelo Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná (TJD-PR) ao Real Brasil aumenta o drama dos 48 atletas profissionais vinculados ao clube. Sem calendário e sem competições para disputar até março de 2009, o elenco terá que entrar em acordo com o dono do time ou recorrer à Justiça para poder trabalhar em outras bandas.

Os representantes dos atletas sabem que o caminho judicial é viável, mas nem sempre o mais fácil. ?No momento em que é suspenso, o clube perde o direito pelos jogadores. Mas preferimos antes entrar com acordo com o Real, que deu a vitrine?, falou o empresário do zagueiro Clay, João Alemão. O atleta, de 19 anos, tem contrato até 2011 com o time de Aurélio Almeida.

Para Borny Cristiano, advogado e agente do goleiro Rodrigo, do zagueiro Vinícius, dos meias Adriano e Anderson e do atacante Edimilson, o clube também poderá contra-atacar na Justiça, o que complicaria a vida dos boleiros. ?Mesmo suspenso, o clube pode conseguir permissão para emprestar os atletas. E os jogadores também podem se defender alegando que precisam trabalhar?, afirma.

Alguns problemas trabalhistas com o elenco só pioram a situação do Real. Os jogadores reclamam que os salários estão atrasados há três meses. ?Se não pagarem o que devem, teremos que apelar à Justiça. Além disso, os meninos estão sofrendo com a falta de estrutura?, disse o representante de Clay, citando o caso do corte de água no hotel em que mora do time. O zagueiro e outros jogadores do Real estariam nos planos do J. Malucelli.

O contrato-padrão fornecido pela CBF e assinado por todos os profissionais determina, na cláusula 7.ª, que quando o clube fica impedido temporariamente de participar de competições por infração disciplinar (caso do Real) ?nenhum prejuízo poderá advir ao jogador, que terá assegurada sua remuneração contratual?. Ou seja, o Real teria que pagar os salários do plantel mesmo afastado do futebol.

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