Um dos líderes do movimento #OcupaCBF, o ex-jogador Raí criticou o “sistema viciado” que imperaria dentro da CBF e pediu mudanças drásticas no estatuto da entidade durante o protesto realizado na tarde desta terça-feira, diante da sede da confederação, no Rio de Janeiro.

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“O sistema é viciado. O mais importante hoje é quebrar esse sistema e repensar”, afirmou o ex-jogador do São Paulo. “Eu estou aberto a participar dessas ideias, dessas discussões para construir um futuro diferente. A gente está vendo o que está nos envergonhando, não só de resultado, mas no aspecto ético e moral. Um país que quer viver uma realidade democrática, não pode aceitar um sistema viciado. Esse é o passo mais importante.”

Raí, acompanhado de outros ex-jogadores, leu um manifesto diante dos portões da CBF resumindo as solicitações do grupo. No manifesto lido por Raí o grupo clama para que a Procuradoria-Geral da República investigue os três últimos presidentes da CBF – Ricardo Teixeira, José Maria Marin e Marco Polo Del Nero – e que a entidade convoque novas eleições para a presidência da entidade.

Os signatários pedem ainda mudanças no estatuto, como o fim da cláusula de barreira que exige que um candidato tenha o apoio por escrito de pelo menos oito federações e cinco clubes. “Tem um sentimento generalizado de necessidade de mudanças. Fazemos parte do futebol, somos pessoas que viemos da sociedade e temos alguma coisa a dizer. Exigimos mudanças para que tenhamos condições de novos ares”, explica Paulo Autuori.

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Outro que exige mudanças é o ex-meia Alex, que hoje trabalha como comentarista de TV. “A luta vai continuar em todos os cantos. Vamos até o fim por mudanças. Não queremos brigar com A ou B, com um nome ou outro. Queremos brigar por um futebol melhor. É hora de quebrar esse esquema que está aí”, declarou.

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Confira abaixo a íntegra do manifesto lido diante da sede da CBF:

“Brasil, dezembro de 2015

A Confederação Brasileira de Futebol vive a maior crise de sua história. Seus últimos três presidentes são réus em investigação policial internacional por fraude na CBF e na Fifa. José Maria Marin está preso desde maio, Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nero estão indiciados pela Justiça dos Estados Unidos desde o dia 3 de dezembro.

Compreendemos que a sucessão determinada por um estatuto viciado, que foi arquitetado e aperfeiçoado para a manutenção do poder nas mãos dessa mesma linhagem, é ilegítima e imoral.

Exigimos a renúncia definitiva de Marco Polo Del Nero e sua diretoria, seguida da convocação de eleições livres e democráticas para o comando da CBF, sem a atual cláusula de barreira, mecanismo que impede a aparição de posições independentes ao sistema vigente, pois exige oito assinaturas de federações e mais cinco de clubes para candidaturas.

A crise de corrupção é a face mais visível de um profundo problema estrutural, que travou o desenvolvimento do futebol brasileiro em todas as suas dimensões.

Conclamamos a Procuradoria-Geral da República, a Polícia Federal e a Receita Federal a não deixar impunes quem corrompeu ou quer continuar a corromper o futebol pentacampeão mundial.

Aos clubes e federações, pedimos que se paute e vote a alteração de pontos estatutários necessários para a democratização e desenvolvimento de nossa maior paixão, inexorável e sem volta.

De nossa parte, signatários deste manifesto, acreditamos que, caso as mudanças sejam iniciadas, os novos mandatários da CBF, juntamente com os muitos personagens capacitados e honrados da comunidade do futebol saberão criar as condições para a reconstrução da credibilidade, confiança e retomada do protagonismo esportivo do futebol brasileiro, de seus jogadores, da alegria do jogo e, principalmente, dos torcedores.”