Rafinha ganhou espaço e fama na Europa

Duas coisas não saem da cabeça do lateral-direito Rafinha em 2007: o título do Campeonato Alemão e uma chance na seleção brasileira. Titular absoluto do centenário Schalke 04, clube da fria cidade de Gelsenkirchen, o garoto de Londrina quer coroar sua primeira experiência em solo europeu levando sua equipe à primeira conquista nacional. De quebra, ele espera receber um chamado de Dunga e vestir pela primeira vez a amarelinha. Parece muito? Não para o ex-jogador do Coritiba. Que o digam os dirigentes de seu clube, que já querem renovar seu contrato até 2012.

?Estou no melhor momento da minha carreira, os dirigentes querem renovar meu contrato, tenho propostas de outros clubes e até quero trazer minha família para cá?, conta Rafinha, 22 anos, empolgado com o seu futuro. Não é para menos. Fundado em 1904, o Schalke nunca foi campeão nacional, apesar de ser o time mais popular da Alemanha depois do Bayern de Munique.

Uma sina que pode acabar daqui a 12 jogos. ?Nosso time está bem mais unido depois que batemos cabeça no primeiro ano. Mas, agora, vai ter que dar?, confia.

Entre a bateção de cabeça do lateral esteve a adaptação ao novo país, em 2005. ?No começo, tive um pouco de dificuldades, porque cheguei com 64 quilos e tive que ganhar mais sete quilos de massa muscular?, revela. Mas não foi só isso para Rafinha, com seus 1,72 de altura e tendo que encarar a realidade dos alemães. ?No primeiro dia em que fui treinar, os caras ficaram achando que era um molequinho que iria pegar autógrafo. O jogador mais baixo da equipe tinha 1,85 metro?, relembra, rindo com a situação.

Nada que abalasse o jogador. Ao contrário de muitos clubes que contratam e não dão o apoio necessário, o Schalke fez tudo para o investimento na cria alviverde valer a pena.

?Fiquei fazendo um mês de musculação, porque era muito franzino?, diz.

Já o estilo de jogo não foi tão difícil assim, apesar da troca da liberdade de atacar nos tempos do Coxa pela fixação na marcação no clube alemão. ?É um futebol muito rápido, muita correria e não é aquele jogo parado como é no Brasil?, compara.

Apesar dessa diferença, seu jeito de jogar no Schalke 04 se assemelha muito àquele de Cafu e ao que o técnico da seleção brasileira procura e ainda não encontrou.

?Com certeza. Aprendi com o Antônio Lopes a jogar como lateral e a marcar?, avisa. Por isso, Rafinha diz que está na área para atuar pela seleção brasileira (ele já jogou nas seleções de base). ?Estou muito feliz e meu objetivo agora é a seleção. Graças a Deus eles estão me vendo. Não tive nenhum contato com eles, mas soube que o Dunga e o Jorginho vieram me observar?, finaliza.

Pra espantar o frio

Frio, muito frio. É isso o que mais incomoda o lateral-direito Rafinha na Alemanha. Não fosse isso e a vida do ex-coxa-branca seria praticamente perfeita na cidade de Gelsenkirchen. Nada disso, porém, abala o londrinense, que sempre leva parte da família para fazer companhia, ou que simplesmente pega o carro, ou um avião, e sai pela Europa para conhecer algumas das cidades mais badaladas do mundo, nas horas de folga. Mas, quando a saudade do Brasil e do Coritiba aperta, ele apela para a internet e para os gols da rodada na Globo Internacional.

?Aqui na Alemanha é duro viver. Não existe lugar mais frio que aqui. Por isso, estão aqui minha irmã Miriam, a tia Tereza, meu sobrinho Tiago e a namorada Carolina. Quando eles forem embora, vêm outros me fazer companhia?, revela.

Quando a questão é o idioma – dificuldade para grande parte dos atletas brasileiros fora do país – Rafinha mostra que tira de letra. ?Tive muita dificuldade com a língua, mas já estou falando e entendendo bem. Uma professora particular me ajudou muito, até porque o clube obriga?, aponta.

Se a língua não é problema, o frio é sacrificante. O jeito é sair pela Europa e procurar lugares mais quentes. ?Gosto de passear bastante. Quando tenho um tempo, procuro viajar para Paris, Amsterdam e vou muito para a Suíça, de carro. Para Espanha ou Itália, vou de avião?. E lá vai Rafinha com sua família ou seus parceiros de clube, como os brasileiros Kuranyi, Bordon e Lincoln, os uruguaios Rodrigues e Varela ou uma das estrelas da seleção germânica, o volante Ernst.

?Relação com a Massa vai bem, obrigado?

Apesar de estar bem na Alemanha, Rafinha foi envolvido numa polêmica lançada pelo articulista da Tribuna Augusto Mafuz.

De acordo com o jornalista, o jogador estaria sofrendo com os descontos em seu contra-cheque. Uma parte ficaria com a Massa Sports, que gerencia sua carreira, e outra parte com intermediário, alemães, que fizeram a ponte entre Coritiba e Schalke 04 na sua transferência para a Europa. O jogador, por sua vez, confirma que paga 10% do que ganha a seus empresários brasileiros, mas nega qualquer outro tipo de desconto em seus salários.

?Não gosto dessas polêmicas e até evito, mas o pessoal fica falando coisas que não sabem?, dispara o lateral-direito. De acordo com ele, não existe nenhum pagamento para grupo de empresários na Alemanha. ?Quando subi para o profissional nem sabia o que fazer com dinheiro grande.

Não tinha ninguém para ajudar?, aponta. Pelos serviços prestados, ele admite que paga 10% do que ganha à Massa. ?Todos os empresários são assim. Se eles arrumarem um patrocínio para mim, 10% é deles. Eles conseguiram esse clube para mim e até hoje agradeço a eles pela chance?, destaca.

No momento, a Massa negocia com o Schalke uma prorrogação de contrato até 2012, apesar do atual vínculo ir ainda até metade do ano que vem. ?Por isso é que estou aqui. A nossa preocupação é conseguir um grande contrato para o Rafinha para ele só se preocupar em jogar bola depois?, diz Marquinhos Malaquias, um dos procuradores do jogador, que na última semana estava na Europa, tratando de assuntos ligados ao lateral.

Rafinha mostra otimismo com a renovação. ?Agora, eles me conhecem e sabem das minhas qualidades. Acho que vai ser o contrato da minha vida?, finaliza o jogador.

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