A judoca Rafaela Silva, de 27 anos, foi reprovada em exame antidoping que realizou em 9 de agosto, durante a disputa dos Jogos Pan-Americanos de Lima, onde conquistou a medalha de ouro em sua categoria da modalidade. O teste detectou que ela havia consumido fenoterol, substância presente em medicamentos contra a asma e capaz de melhorar o desempenho de um atleta.
Segundo a judoca, em 4 de agosto ela teve contato com um bebê de sete meses que usa produtos contra a asma, e daí foi contaminada. “Tenho o hábito de permitir que as crianças mordam meu nariz. Faço isso sempre, por exemplo, com meu sobrinho, o Silvestre, de quatro meses, e nesse dia (4 de agosto) fui ao apartamento em que mora uma colega judoca e tive contato com a Lara, filha dela, que usa o produto contra asma”, narrou Rafaela, durante entrevista coletiva concedida nesta sexta-feira, no Rio.
Vinte dias após esse antidoping, Rafaela se submeteu a outro exame idêntico, no âmbito do Mundial de Judô, quando foi medalha de bronze. Esse antidoping não identificou mais a substância proibida. “O fenoterol é eliminado do corpo com muita rapidez, e isso pode ajudar na defesa da Rafaela”, afirmou L. C. Cameron, chefe do departamento de Genética e Biologia Molecular da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), que também participou da coletiva.
Segundo o advogado Bichara Neto, que defende Rafaela perante as cortes internacionais neste caso e também participou da entrevista coletiva, a audiência preliminar no âmbito dos Jogos Pan-Americanos ocorreu na última quinta-feira, e uma primeira decisão em relação à atleta deve ser emitida na próxima semana. No entanto, Rafaela não será suspensa – pode, no máximo, perder a medalha pan-americana.
Depois dessa decisão é que o caso será encaminhado à Federação Internacional de Judô (IFJ, na sigla em inglês), que então vai analisar o caso, com poder para suspender Rafaela. “O processo ainda não foi aberto, nenhum prazo está correndo, então não há nenhuma previsão de quando haverá qualquer decisão da Federação”, disse Bichara Neto.
Ele será responsável por explicar à entidade que Rafaela não quis se dopar nem agiu de forma irresponsável. “Em teoria, pode haver suspensão de até dois anos, mas estou confiante que ela ficará livre de qualquer pena”, afirmou.
“Nenhum atleta está preparado para viver um momento desses, mas vou continuar treinando e competindo normalmente. Nunca me dopei, não uso drogas nem bebida alcoólica, e o contato com a substância foi totalmente involuntário”, disse a judoca.