Foi em 23 de maio de 1993 que Ayrton Senna venceu pela sexta vez o GP de Mônaco e assumiu a liderança do Mundial de F1 com 42 pontos, contra 37 do favoritíssimo Alain Prost. O brasileiro defendia a McLaren, que já não tinha mais os motores Honda e passara a usar os não tão potentes Ford. O francês, depois de um ano sabático, guiava para a imbatível Williams-Renault.
Mas, depois daquela corrida, a sexta do ano, era Senna, e não Prost, o líder do campeonato. Uma surpresa. E essa liderança durou três semanas, até 13 de junho, no Canadá, onde Alain venceu e Ayrton não pontuou.
De lá para cá, foram 15 anos sem que um brasileiro ocupasse a primeira colocação na tabela de pontos da categoria. A longa espera terminou domingo, com a vitória de Felipe Massa no GP da França. O ferrarista saltou para 48 pontos, deixando o então líder Robert Kubica, quinto na corrida, com 46.
Felipe tem noção do tamanho da façanha que conseguiu, em termos, digamos ?nacionais?. Afinal, nestes 15 anos, o Brasil teve um piloto na mesma Ferrari por seis temporadas, Rubens Barrichello, que nunca conseguiu liderar o mundial.
Mas Massa está mais preocupado é com o fim do campeonato. ?O caminho é longo. É legal liderar, mas espero que seja assim lá na frente, quando acabar a temporada?, disse, depois de sua oitava vitória na F1, terceira no ano e primeira de um brasileiro em GPs da França desde 1985.
Massa teve competência para vencer e ainda contou com a sorte. Ou com o azar do companheiro Kimi Raikkonen, como queiram. O finlandês, a partir da pole, dominou a corrida até a metade de suas 70 voltas. Foi quando quebrou a ponteira do escapamento do lado direito de seu carro, causando perda de potência do motor e começando a queimar a carenagem. Kimi reduziu o ritmo, Felipe passou e não teve nenhuma dificuldade para levar o carro até a bandeirada em primeiro lugar.
O pódio foi completado pelo surpreendente Jarno Trulli, da Toyota, que resistiu á pressão de Heikki Kovalainen nas últimas dez voltas e levou uma taça para casa depois de três anos de jejum.
Nelsinho
Foram necessárias oito corridas para Nelsinho Piquet fazer seus primeiros pontos na F1. O brasileiro da Renault terminou o GP da França em sétimo, à frente de seu companheiro de equipe Fernando Alonso. ?Foi a primeira vez no ano em que nada de errado aconteceu comigo num fim de semana de GP?, falou, aliviado. O piloto vinha sendo ameaçado de demissão por seus maus resultados.
Nelsinho tornou-se o 18.º brasileiro a pontuar na história da F1. E está longe de ser o que mais demorou para conseguir marcar na categoria. Entre os que pontuaram, Pedro Paulo Diniz teve a estrada mais longa: 24 GPs até marcar.