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Mathew Cheboi, Cosmers Kemboi, Kosgei Kennet Kiplimo e Jane Jeruto Kibii nas modestas instalações de Nova Santa Bárbara. |
Nova Santa Bárbara – O relógio de madeira pendurado na cozinha nem bem marca seis horas da manhã e Mathew Cheboi, Cosmers Kemboi, Kosgei Kennet Kiplimo e Jane Jeruto Kibii já iniciam seu aquecimento. Há pouco, eles podiam ser vistos degustando um café da manhã à base de chá com leite, ao melhor estilo inglês.
No CT que a marca esportiva, Fila, mantém em Nova Santa Bárbara, o técnico Moacir Coquinho Marconi explica os últimos detalhes antes do percurso proposto para hoje. Ele sabe que técnica e tática têm que estar perfeitamente ajustadas até 31 de dezembro, data em que toda a preparação será colocada em xeque. Apesar de entrarem na 82.ª Corrida Internacional de São Silvestre como favoritos, os quenianos entendem que é preciso suar muito para ganhar a mais importante e prestigiada competição brasileira.
A rotina dos corredores na pequena cidade, de cerca de 3,5 mil habitantes localizada no oeste do Paraná, até parece simples, baseada na tríade: refeição, treinamento e descanso. Diariamente são necessárias pelo menos oito horas de sono tranqüilo, além daquele bom e velho descanso após o almoço. Aliás, a alimentação para encarar o desafio de 15km também conta com suas particularidades, e uma coincidência que atiça os supersticiosos. Assim como o Vaticano, que nomeou Papa o romano Silvestre, durante o século IV, os corredores quenianos também apostam suas fichas no país da Velha Bota. Considerado um dos alimentos mais nutritivos que existem, a polenta, genuinamente italiana, exige esforço e paciência em seu preparo. No cardápio, espaço também para a carne e o repolho.
Mas é na hora do treinamento que o ritmo torna-se mais puxado, especialmente para Kibii, única mulher da equipe. São no mínimo 25km diários de corrida, divididos em dois turnos, onde piques curtos alternam-se com trechos mais longos. A idéia é aproveitar-se de características genéticas importantes que os diferem dos demais competidores, em especial os brasileiros. Magros e longilíneos, os quenianos possuem taxa de gorduda mais baixa que o normal. ?Isso faz com que o aquecimento do corpo seja menor e a fadiga não seja tão sentida durante as provas?, explica Coquinho, que já trabalhou com diversos atletas oriundos do Quênia, conquistando resultados expressivos.
Entre os cerca de 15 mil atletas que estarão na capital paulista para a disputa da São Silvestre, muitos nomes de peso do atletismo nacional e internacional. A largada será em frente ao Museu de Arte de São Paulo, com mulheres partindo às 15h15 e homens às 17h. Em busca do lugar mais alto do pódio, os quenianos apresentam ótimas credenciais. Kiplimo é o atual vice-campeão da Volta da Pampulha e Cheboi da São Paulo Classic, ambas disputadas em novembro. O Fila Team também destaca-se em outras importantes corridas brasileiras, como o segundo lugar de Kemboi na Corrida Panamericana e sua vitória na meia-maratona de Toledo.
Estrangeiras confirmadas na prova
São Paulo – A prova feminina da 82.ª Corrida Internacional de São Silvestre também contará com destaques internacionais. Ontem, os organizadores da principal corrida de rua da América Latina confirmaram a presença das quenianas, Pamela Bundotich e Jane Kibii da argentina, Cláudia Camargo e da israelense, Svetlana Bahmend. Elas serão as principais adversárias das corredoras brasileiras que tentam acabar com a hegemonia estrangeira nos últimos três anos. A prova feminina começará às 15h15 de domingo.
As quenianas Bundotich e Kibii trazem ao Brasil a tradição de vitórias de seu país. Pamela venceu os 10km de Lyon, foi vice-campeã da meia-maratona de Medellín, terceira na meia de Cali e oitava na de Bogotá. Jane, por sua vez, fará sua estréia, no país, na São Silvestre e tem no currículo o 10.º lugar na Rock Mountain Half Marathon, nos Estados Unidos, a primeira de sua faixa etária (22 anos).