Quenianos desembarcam para vencer a Maratona

Os atletas Joshua Kipchumba e Robert Mutai, do Quênia, disseram ontem, em entrevista coletiva no Museu Botânico, que esperam conquistar os dois primeiros lugares na 6.ª Maratona Ecológica Internacional de Curitiba, que será disputada amanhã.

Kipchumba volta a Curitiba, depois de ter obtido o terceiro lugar na maratona de 2001. Já a atleta italiana Ricci Loredana acredita que vai alcançar um tempo melhor em relação ao de 2h38min da maratona em Luxor, no Egito, neste ano, onde foi vice-campeã.

Na entrevista, o secretário municipal do Esporte e Lazer, Fernando Guedes, disse que “o sucesso do maior evento esportivo realizado pela cidade se deve à parceria com um pool de patrocinadores (Supermercados Condor, Detran-PR, Shopping Mueller, Compagás, Ambev e Spaipa) e a ação integrada da própria prefeitura”. Até ontem, 2.013 atletas já haviam confirmado inscrição.

Joshua Kipchumba, 27 anos, sexto colocado na corrida de rua de 10 km Asics Race, na Itália, perdeu cerca de dois quilos em um ano, e acredita que poderá vencer a maratona deste ano, graças ao novo traçado, que é menos acidentado. Segundo ele, a ausência das subidas íngremes que integravam o roteiro da prova até o ano passado na saída, que era no Parque Barigüi, e na chegada, na Pedreira Paulo Leminski, favorece os corredores, que ganham mais ritmo e têm melhor desempenho.

Já Robert Mutai, 23 anos, corre pela primeira vez em Curitiba, e seu melhor tempo (2h14min), foi obtido na maratona disputada este ano na cidade de Prato. Há três anos deixou o Quênia, transferindo-se para a Itália, onde vive. Em meias-maratonas já disputadas, seu melhor tempo foi de 1h03min25seg, e em corridas de rua com 10 km, obteve tempo de 28min33seg.

Ricci Loredana, 37 anos, que há 10 anos disputa provas de fundo e maratonas, diz que está em sua melhor forma. Ela acredita que poderá obter um tempo ainda melhor que as 2h38min na Maratona de Luxor. E não teme as brasileiras que formam o pelotão de elite, que apresentam o melhor tempo em média de 2h40min.

Ricci, que desembarcou em Curitiba após 20 horas de viagem, vinda da Itália, disse que o cansaço e o fuso horário não atrapalham o rendimento na prova de amanhã. A temperatura local também contribui para um bom resultado, já que no Egito, a prova foi disputada sob a temperatura de 45º Celsius.

Cada um tem o seu segredo

Os hábitos de hidratação corporal também variam de atleta para atleta. Kipchumba diz que, em treinos e provas oficiais, só bebe água. Mutai, além dos seis litros de água ingeridos a cada treino ou prova, também não abre mão de pequenas doses de leite, nos treinos, e de bebidas energéticas.

Já Ricci Loredana toma em média 3 copos de água para 1 frasco de isotônico a cada prova. “As temperaturas em toda a Itália jamais se igualam às do Quênia, mas nem por isso o atleta deve desprezar a hidratação, ingerindo altas doses de líquidos, seja nos treinos, seja em, competições oficiais”, ensina.

Qualidade

Segundo o secretário Fernando Guedes, além de ser o mais importante exercício de equipe e de ação integrada da Prefeitura de Curitiba, a maratona atrai a cada ano um número maior de atletas de destaque, no Brasil e no mundo. O retorno de quem já disputou a corrida, disse o secretário, mostra que Curitiba é conhecida mundo afora como importante pólo esportivo, onde a maratona prima pela organização e seriedade.

Guedes disse ainda que todos os atletas inscritos na maratona local são embaixadores de Curitiba, no país e no exterior, levando para longe a fama da cidade que é conhecida mundialmente pelo seu cuidado com a ecologia e o meio ambiente.

Determinação e integração

Aos 38 anos, o bancário Ismael Pereira da Silva divide seu tempo entre o trabalho e treinos de até três horas diárias em parques da cidade. Depois de disputar 11 maratonas cinco em Curitiba, quatro em Blumenau (SC) e duas em Porto Alegre (RS), ele espera superar o décimo lugar conquistado na edição de 2000 da Maratona de Curitiba.

“O percurso em Curitiba era um dos mais difíceis no país”, disse ele, destacando o novo trajeto, que permite melhor desempenho. Ele treina todos os dias depois do expediente no Jardim Botânico ou Parque Barigüi, percorrendo de 15 km a 20 km, faz alongamentos e dieta alimentar rica em carboidratos e pobre em gordura.

Ismael é um dos cerca de 2,5 mil atletas que participam amanhã da 6.ª Maratona Internacional de Curitiba.

Detentos

Sete detentos da Colônia Penal Agrícola vão participar da edição deste ano. Esta é a segunda vez que internos em regime semi-aberto participam da corrida com autorização da Vara de Execuções Penais. Em 2001, três deles correram ao lado dos cerca de 2 mil participantes da prova.

Abel Moura Xavier, Paulo César Pereira, Ademir Melo Ramos, Hagian Pires, Nelson Alves de Souza, Emerson da Silva e Anderson Cleiton Sombrio já estão inscritos na prova que neste ano deverá reunir mais de 2 mil corredores do Brasil e do exterior.

Os treinos, nos finais de semana e feriados, são orientados por um professor de Educação Física. “Isso significa muito para eles, é a chance que têm de se reintegrar à sociedade”, disse o diretor da Colônia, Lauro Valeixo.

Segundo Pires, a prática do esporte é a melhor saída para a reintegração social.

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