São Paulo – Assim como o Brasil produz jogadores de futebol em série, o Quênia espalha pelo mundo os mais talentosos corredores em provas de longas distâncias. Na última década, os quenianos dominam as principais maratonas do mundo, as listas do ranking mundial e os pódios da São Silvestre – somam 11 vitórias desde 1992, três delas duplas, nas provas masculina e feminina, em 1993, 1999 e 2000.
Ninguém duvida que o campeão dessa 79.ª edição da prova paulistana sairá do bloco de sete quenianos que competem em São Paulo, com favoritismo para Robert Cheruiyot, vencedor de 2002, e Martin Lel, ganhador da Maratona de Nova York e do Mundial de Meia Maratona de Portugal.
Também entre as mulheres, o Quênia tem uma favorita, Margaret Okayo, bicampeã da Maratona de Nova York. A largada da prova feminina será às 15h15 e da masculina às 17h, em frente ao Masp, na Avenida Paulista.
Chegaram os donos da São Silvestre. Ontem, na coletiva que deram em São Paulo, os quenianos admitiram que são favoritos na prova. “Como os brasileiros gostam de futebol, gostamos do atletismo”, tenta explicar Cheruiyot. Principais estrelas da prova, os quenianos Cheruiyot e Lel, mais Yusuf Songoka, de 24 anos, e Margaret Okayo.
“Vai ser uma prova difícil, com todos os quenianos competindo e os brasileiros também”, afirma Cheruiyot, garantindo que está recuperado de uma lesão na perna esquerda que o atrapalhou há cerca de três meses.
Se Cheruiyot, de 25 anos, tem a vantagem de conhecer o percurso – “ditar o ritmo na descida da Avenida Consolação é a parte mais difícil na estratégia da prova”, observa o franzino Lel, de 24 anos, é a bola da vez. Admite sua condição de “estrela do atletismo internacional” e seu agente, o italiano Frederico Rosa, observa que “está entre os melhores do mundo, em todas as distâncias, de meia maratona a maratona”, ainda mais conhecido após a prova de Nova York – uma vitória nessa corrida atrai publicidade, cachês altos e patrocinadores.
Lel, ex-balconista de loja no Quênia, vive em Nairóbi e treina na altitude da cidade de Kapsabei, a 2.000 metros. Cheruiyot, terceiro na Maratona de Milão, em novembro, também é forte candidato ao título. O agente assegura que ambos estão bem preparados.
O bloco de quenianos tem sete corredores: Cheruiyot, Lel, Phlimon Rotich, Joseph Ngeny, Phillip Rugut e Benson Cherono, atletas da Fila, e Songoka, da Nike. Na prova feminina, além de Margaret Okayo a prova terá Deborah Mengich. A São Silvestre atrai pela tradição e a publicidade que tem no continente, uma vez que os cachês são pagos apenas para alguns atletas e os prêmios, em real, (R$ 86 mil para os cinco primeiros, sendo R$ 17 mil para o campeão) não são tão expressivos. Margaret Okayo, de 28 anos, vice-campeã da São Silvestre em 2001, disse que está em boa forma. “Mas é uma prova difícil, em que as brasileiras também correm bem.”
Vanderlei corre para ficar entre os dez
São Paulo – O maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima, principal fundista do Brasil, melhorou o seu tempo e garantiu o índice olímpico para disputar a maratona nos Jogos de Atenas, com o tempo de 2h10min38. A marca foi obtida na Maratona de Fukuoka, no dia 7, e o período de recuperação desde a prova do Japão não foi suficiente para o atleta pensar em pódio na Corrida Internacional de São Silvestre, amanhã. “Estou entrando sem compromisso. Estou em fase de recuperação, fiz apenas um treino de manutenção. Se eu terminar entre os dez primeiros ficarei muito feliz. Mas sou realista e se não chegar entre os primeiros também estou satisfeito.”
O treinamento de Vanderlei, de 34 anos, 1,68 metro e 54 quilos, visa competir uma maratona, em abril, antes dos Jogos Olímpicos em agosto. “Tenho uma posição relativamente tranqüila (além dele, apenas André Luís Ramos tem o índice no Brasil), mas penso em ainda melhorar o meu tempo em abril.”
Vanderlei falou das dificuldades que os atletas encontrarão nos 15 quilômetros da São Silvestre – “um início de prova muito rápido, na descida da Consolação, onde é preciso dosar o ritmo, o calor e a umidade, provavelmente ainda mais intensos no horário da prova feminina, e a subida da Avenida Brigadeiro Luiz Antônio”.
Ele espera que sua experiência conte mais que a forma física para surpreender. Admite o favoritismo dos quenianos, mas observa que alguns brasileiros, como Marilson Gomes dos Santos e Rômulo Wagner da Silva, podem estar no pódio.
