Oscar Pistorius sofre de um transtorno de ansiedade que pode ter contribuído para o assassinato da namorada Reeva Steenkamp, afirmou a psiquiatra Merryll Vorster durante o julgamento do astro paralímpico nesta segunda-feira, em Pretória. De acordo com a especialista, eventos turbulentos vividos por Pistorius durante toda sua vida contribuíram para o desenvolvimento do transtorno.
Vorster citou a precoce amputação das pernas do réu quando ainda era um bebê, o divórcio dos pais e o hábito de sua mãe de dormir com uma arma embaixo do travesseiro como fatores que potencializaram o medo de violência e o “crescimento do estresse” em Pistorius ao longo dos anos.
Esta série de acontecimentos, ainda segundo a psiquiatra, explicariam a reação do réu no episódio que causou a morte da namorada. Em fevereiro de 2013, Pistorius atirou e matou Reeva dentro de sua casa. Ele alega que deu os tiros ao ouvir barulhos estranhos, temendo se tratar de um assalto.
A partir do depoimento da psiquiatra, a defesa do ex-atleta sul-africano tenta provar que ele sofre de problemas mentais, o que pode adiar a continuação do julgamento. Nesta segunda, os advogados pediram que Pistorius fosse atendido em um hospital psiquiátrico para ficar em observação médica. O promotor do caso, Gerrie Nel, deve se pronunciar sobre o depoimento nesta terça-feira.
Se for considerado culpado, Pistorius poderá até mesmo ser condenado à prisão perpétua, com direito a solicitar liberdade condicional após cumprir 25 anos de pena na cadeia. Antes da morte da namorada, o sul-africano era um atleta mundialmente admirado, cuja carreira atingiu o ápice em 2012, quando ele participou da Olimpíada de Londres. Além disso, o velocista biamputado, que corre com auxílio de próteses nas pernas, possui oito medalhas paralímpicas, sendo seis delas de ouro.