O técnico da seleção brasileira feminina de handebol, Morten Soubak, empregou todos os recursos que tinha à mão para motivar as jogadoras à conquista da medalha de ouro do Mundial. O dinamarquês, que nada tem do jeito reservado nórdico de ser e costuma dizer que nasceu no país errado, sendo baiano de coração, revelou até um insuspeito talento teatral na preleção que antecedeu a decisão do último domingo contra a Sérvia.
“O Morten vestiu uma camisa da Sérvia e colocou uma medalhona de ouro feita de papel dourado no peito. A gente havia envolvido umas peças de futebol de botão em papel alumínio e demos para as jogadoras com se fossem medalhas de prata. Ele falou: ‘Toma, isso é o que merecem’. Aí a Alexandra falou: ‘Não, eu quero o ouro’, e arrancou a medalha do peito dele. Aí, a gente viu que tinha mexido com os brios delas e que o time ia entrar mordendo”, disse a psicóloga Alessandra Dutra.
Alessandra sentiu a necessidade de combater uma tendência à acomodação que enxerga no brasileiro. “Temia que elas se contentassem com menos do que poderiam conseguir”. A Sérvia utilizou um vídeo gravado pelo tenista Novak Djokovic, maior ídolo do país, para se fortalecer moralmente.
A ponta-direita Alexandra, uma das mais experientes do grupo, lembra que Alessandra também foi decisiva ao apontar a forma como a seleção deveria se comportar dentro da Arena Belgrado, na Sérvia, com 19,5 mil espectadores. “Ela disse para não olharmos para fora da quadra para não nos impressionarmos com a torcida”.
Alessandra, que trabalha para a Confederação Brasileira de Handebol (CBHb) desde 2003, forneceu até um “santo remédio” para a dor. A capitã Dara jogou por 25 minutos com o dedo anular da mão direita luxado. “A Alessandra falou para eu dizer a mim mesma: ‘Sem dor, sem dor’ e funcionou”.