Policiais e manifestantes transformaram o entorno do estádio Magalhães Pinto, o Mineirão, em uma praça de guerra no início da noite deste sábado, durante a maior passeata já realizada em Belo Horizonte. Segundo estimativa da Polícia Militar (PM) mineira, cerca de 100 mil pessoas tomaram as ruas da capital, mas o confronto ocorreu apenas com um pequeno grupo que participava do ato com os rostos tampados por máscaras de gás e até capacetes. Há outra manifestação marcada no local no próximo dia 26, quando a seleção brasileira disputará na arena uma das semifinais da competição.
A confusão deste sábado teve início quando manifestantes chegaram ao cerco montado pela PM na avenida Abrahão Caram, próximo ao Mineirão, onde foi realizado jogo entre Japão e México – apenas para cumprir tabela, pois as duas seleções já estavam eliminadas pela Copa das Confederações.
Durante o tumulto, vândalos fizeram barreiras em vias, nas quais atearam fogo e destruíram e saquearam ao menos uma concessionária que fica no local, na região da Pampulha. Homens da tropa de choque, da cavalaria e de outras unidades da PM, além de integrantes da Força Nacional de Segurança, usaram bombas de gás lacrimogêneo, de efeito moral e tiros de balas de borracha para tentar dispersar a multidão, enquanto que os manifestantes atacavam a polícia com pedras, rojões, bombas caseiras e coquetéis molotov. No início da noite, a situação continuava tensa na região.
Pelo menos oito pessoas ficaram feridas em meio à confusão, sendo quatro policiais e quatro manifestantes. O estudante Caio Augusto, de 16 anos, caiu do viaduto José Alencar, que passa sobre a avenida Presidente Antônio Carlos, e sofreu fratura na perna e ferimentos na cabeça.
Manifestantes informaram que uma segunda pessoa teria caído da estrutura na noite deste sábado, mas ainda não havia confirmação. Ao menos uma pessoa foi presa, mas, até o fechamento desta edição, ainda não havia balanço oficial de prisões e feridos. A PM recomendava que os manifestantes que não estavam envolvidos no tumulto deixassem o local.
A concentração para o protesto teve início no fim da manhã na praça Sete de Setembro, no centro da cidade, e a manifestação transcorreu de forma pacífica até a chegada no entorno do Mineirão. Os organizadores do ato haviam combinado com a PM que a passeata passaria direto pelo local e seguiria em direção à Lagoa da Pampulha.