São Paulo – Os R$ 4,5 milhões (US$ 1,45 milhão) por apenas um ano de trabalho oferecidos pelo Al Helal, da Arábia Saudita, seduziram o técnico Cuca, do São Paulo, que pretende anunciar nos próximos dias sua saída do Morumbi. O treinador, de 40 anos, ficou entusiasmado com a proposta, pois acredita ter a grande chance de fazer a independência financeira de sua família – é casado e tem duas filhas adolescentes. Embora sua condição financeira seja estável, Cuca costuma dizer a pessoas próximas que está longe de ser “rico”.
O São Paulo, apesar de considerá-lo profissional competente, não vai fazer muita força para segurá-lo e já afastou qualquer posssibilidade de aumento salarial. “De jeito nenhum”, limitou-se a dizer o presidente Marcelo Portugal Gouvêa.
“É preciso ter calma, estou pensando em tudo”, declarou Cuca, que recebe cerca de R$ 80 mil mensais. Alguns de seus companheiros da comissão técnica e da diretoria tentam convencê-lo a ficar, como Marco Aurélio Cunha, superintendente de futebol, mas encontram dificuldades. Cunha lembra que nem tudo o que se combina com clubes do exterior é cumprido rigorosamente e o aconselha a permancer no País. Segundo o superintendente, Cuca deveria aproveitar a boa situação que vive no futebol brasileiro para valorizar-se ainda mais.
“Ele dirige o São Paulo, que tem a melhor estrutura do País.” A transferência para a Arábia significaria seu desaparecimento da mídia por um ano. Cuca sabe disso. E a nova vida, num país com costumes completamente diferentes, preocupa o técnico. A fabulosa quantia que receberá, porém, está pesando bastante.
O contato dos emissários árabes com Cuca ocorreu na tarde de ontem e a divulgação do fato irritou a cúpula tricolor. Há quem ache que a notícia saiu da boca do próprio técnico, buscando a valorização pessoal. Ele, no entanto, negou com veemência. Cuca é considerado inseguro demais pela diretoria. Na semana passada, chegou a desconfiar da existência de um complô para derrubá-lo do comando para a entrada de Muricy Ramalho, que deixou o São Caetano.
“Antigamente, eu me preocupava com esse tipo de coisa, mas agora não ligo mais”, disse Gouvêa, referindo-se à provável saída do técnico. O Al Helal é o mesmo que fez proposta para Marco Aurélio Moreira, da Ponte Preta. Marco Aurélio, contudo, preferiu ficar em Campinas.
O São Paulo já começa a pensar num substituto para Cuca. Muricy Ramalho, Paulo Bonamigo e Zetti aparecem como boas opções. O zagueiro Antônio Carlos, de 35 anos, atualmente sem clube, pode ser contratado.