Promotores vão investigar pressão de dirigentes sobre juízes

Arquivo/Paraná-Online
Teixeira: ?Lugar de
bandido é na prisão?.

Brasília – Os promotores José Reinaldo Carneiro e Roberto Porto, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), disseram ontem que vão investigar a pressão de dirigentes sobre árbitros de futebol para manipular resultados de partidas. Eles descobriram que existe a pressão, principalmente por parte de presidentes de federações.

?O caso de Héber Roberto Lopes (árbitro do Paraná que apitou 15 jogos da Série A do Campeonato Brasileiro) é de pressão de dirigentes. Nada tem a ver com a máfia do apito?, garantiu José Reinaldo Carneiro.

O nome de Héber foi citado pelo empresário Nagib Fayad, o Gibão, que é réu confesso no escândalo da arbitragem, durante depoimento à CPI dos Bingos anteontem.

Os dois promotores participaram ontem de audiência na Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados, em Brasília. Foram eles que comandaram as investigações que descobriram um dos maiores escândalos do futebol brasileiro, que provocou a anulação de 11 partidas do Campeonato Brasileiro, todas apitadas pelo ex-árbitro Edílson Pereira de Carvalho, outro réu confesso.

Edílson e Paulo José Danelon, outro árbitro envolvido no escândalo, serão ouvidos na próxima quarta-feira na comissão. Os promotores defenderam a decisão do STJD de anular os jogos sob suspeita. De acordo com eles, o esquema de fraude no futebol é mais antigo e amplo do que se pensava anteriormente. Acreditam que as investigações podem encontrar novos árbitros envolvidos no esquema.

Carneiro disse ainda que, no início das investigações, pensava-se que existissem apenas dois sites para apostas em partidas de futebol na internet. ?Descobrimos, no entanto, que é possível montar um site quinze minutos antes que seja iniciada uma partida?.

Porto citou o que considera ser a prova de que a manipulação de resultados não é recente. ?O empresário Vanderlei Pololi, um dos envolvidos no escândalo, é conhecido como corruptor de árbitros há mais de dez anos?, contou.

Ele revelou também que Pololi não agia só entre árbitros, mas mantinha contatos com dirigentes e jogadores para influenciar resultados de partidas.

Uma das suspeitas dos promotores é a de ?jogo duplo? por parte dos árbitros. Se os resultados não fossem semelhantes, Edílson arrumava desculpas e acabava por ficar com o dinheiro da máfia. Na opinião de Porto, uma das saídas para o futebol brasileiro é a profissionalização dos árbitros.

O promotor disse que depoimentos revelaram que muitos árbitros são pagos por seu trabalho pelos próprios clubes mandantes das partidas ao final dos jogos. E, segundo Porto, muitas vezes o time se recusa a fazer o pagamento ou o faz com cheque sem fundos.

O deputado Marcus Vicente (PTB-ES) o contestou. Disse que nenhum clube paga diretamente ao árbitro. Mas o promotor afirmou que as investigações revelaram que esse tipo de pagamento existe.

Defesa feroz

Rio – Ontem, o evento para lançar a festa de encerramento do Brasileiro-05, que deverá acontecer dia 5 de dezembro, um dia após o término do Nacional, foi ofuscado pelas denúncias recentes de manipulação de resultados na Série A e a morte de três torcedores paulistas. Isso levou o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, a ser agressivo em seu discurso.

?Está se dando credibilidade a bandido. E lugar de bandido é na prisão?, disse o presidente da CBF, se referindo ao escândalo da ?Máfia do Apito? e a denúncia de que o árbitro Héber Roberto Lopes (Fifa-PR) também estaria envolvido no episódio. ?Me falaram que os procuradores já disseram que o nome dele não foi citado no depoimento.?

Em seguida, Teixeira encerrou bruscamente a entrevista ao ser indagado sobre a intenção do Santos, que planeja recorrer ao Corte Arbitral do Esporte, na Suíça, para revalidar as partidas anuladas do Brasileiro:

?Muito obrigado e boa tarde?.

Superado o desconforto inicial, o presidente da CBF destacou a importância da premiação, que tem por objetivo valorizar o atleta brasileiro, além de estimular o desempenho nos gramados. Principalmente, porque serão eleitos os melhores jogadores de cada posição (um goleiro, quatro defensores, quatro meias e dois atacantes), técnico, os clubes vencedores das séries A, B e C, o artilheiro da 1.ª divisão, o craque do ano, e até o melhor árbitro.

Os melhores do Brasileiro serão eleitos por um júri formado pelos 22 técnicos e capitães participantes da Série A, por 235 jornalistas e por ex-craques participantes do Nacional.

Edílson

Quem também saiu em defesa de Héber foi o ex-árbitro Edílson Pereira de Carvalho, réu confesso no escândalo da arbitragem.

?O Héber não tem nada com isso. O que aconteceu foi que o Gibão (Nagib Fayad) queria apostar em uma rodada em que eu não apitaria e estava com medo de perder. Então, eu disse a ele que apostasse em um time do Rio, pois os árbitros têm medo de errar contra os cariocas, principalmente quando o jogo é o Rio. Não falei nomes??, explicou Edílson.

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