O promotor Roberto Senise Lisboa, responsável pelo inquérito aberto pelo Ministério Público (MP) para avaliar irregularidades no rebaixamento da Portuguesa à Série B do Campeonato Brasileiro, afirmou, em entrevista para Rádio Bandeirantes, que há “fortes indícios” de que alguém recebeu dinheiro dentro do próprio clube do Canindé para que o meia Héverton fosse escalado na rodada final da competição de 2013, contra o Grêmio, mesmo estando suspenso por dois jogos, consequentemente em situação irregular.
Lisboa destacou que o MP ainda não tem as provas de que, de fato, alguém da Lusa foi pago para ajudar a omitir o resultado do julgamento que puniu o atleta, mas enfatizou que considera “esquisito o clube falar que não sabia da suspensão do jogador apenas na última rodada do Campeonato Brasileiro”. Ele lembrou que o MP concluiu que a Portuguesa tinha conhecimento, desde o dia 3 de dezembro, de que Héverton seria julgado em 6 de dezembro, dois dias antes do jogo contra o Grêmio, no Canindé, assim como algum representante do clube soube, com antecedência ao confronto, da punição de dois jogos aplicadas pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).
“Há indícios de que alguém no clube acabou obtendo uma vantagem e prejudicando a Portuguesa. O que é certo é que o técnico Guto Ferreira não sabia da situação do jogador. Ao que tudo indica houve algum problema no meio do caminho, na comunicação no clube”, disse o promotor do MP, que mais tarde enfatizou: “A questão é quem ganhou dinheiro com isso, e alguns indícios apontam para isso. A máfia no futebol não esta restrita apenas ao apito”.
Por causa da escalação de Héverton diante do Grêmio, a Portuguesa foi punida com a perda de quatro pontos em julgamento no STJD e acabou rebaixada para a Série B. A decisão acabou salvando o Fluminense da queda, mas Lisboa evita apontar o clube do Rio como um provável pagador da propina para “alguém da Portuguesa” que teria prejudicado o próprio clube ao omitir a informação da suspensão do jogador.
Na última sexta-feira, Lisboa adiantou que o MP concluiu, em seu inquérito, que a Portuguesa foi notificada da punição a Héverton. “A CBF enviou um e-mail, via Federação Paulista de Paulista, para a Portuguesa. Essa mensagem foi aberta, mas, mesmo assim, o jogador foi escalado. Ou seja, alguém não levou a informação adiante como deveria ter feito para que o clube não fosse punido”, disse o promotor, naquela ocasião, na qual depois ressaltou: “Há prova, no inquérito civil, de que a Portuguesa tinha conhecimento do julgamento no dia 6 de dezembro. Essa prova existe, ao contrário do que foi falado por alguns dirigentes da Portuguesa nos últimos dias”.