Promotor argumenta que defesa de Pistorius mentiu

O promotor-chefe do julgamento de Oscar Pistorius pelo assassinato de Reeva Steenkamp disse nesta quinta-feira, na retomada do caso e em suas alegações finais, que o atleta mentiu repetidamente durante seu depoimento em uma tentativa de se defender contra a acusação de ter premeditado a morte da sua namorada.

O procurador Gerrie Nel citou falhas na defesa, dizendo que a equipe responsável pela defesa do atleta paralímpico adotou mais de uma teoria sobre o que aconteceu na noite em que Pistorius atirou em Reeva através da porta do banheiro da sua casa.

Os advogados de defesa argumentaram que Pistorius disparou em legítima defesa, temendo um intruso, lembrou Nel, mas também levantaram a possibilidade de que ele não era criminalmente responsável e disparou acidentalmente porque estava “assustado”.

“São duas defesas que você nunca pode conciliar”, disse Nel, diante de Pistorius, que aparentou calma, em contraste com ocasiões passadas durante as quais ele chorou e até vomitou.

A promotoria argumentou que Pistorius atirou intencionalmente em Reeva durante a

madrugada de 14 de fevereiro de 2013 depois de uma briga, e argumentou que ele sabia que ela estava no banheiro. Nel terminou suas considerações finais dizendo que Pistorius era culpado da acusação de assassinato premeditado porque ele pensou para encontrar a arma, ir em direção ao banheiro e atirar. “Isso, minha senhora, é pré-planejamento”, disse Nel à juíza.

No entanto, Nel disse que Pistorius ainda deve ser condenado por assassinato, mesmo que o tribunal aceite que ele não sabia que era Reeva no banheiro, argumentando que o atleta intencionalmente atirou e matou uma pessoa sem ter nenhuma razão para acreditar que sua vida estava ameaçada.

Barry Roux, o chefe da equipe de advogados de defesa, começou suas alegações finais antes de Masipa o interromper para avisar que a argumentação precisa ser encerrada até sexta-feira. Ele observou que algumas das provas na cena do crime foram mexidas pelos investigadores. “Não estamos falando de uma conspiração”, disse Roux, avaliando que a suposta adulteração não foi intencional.

De acordo com Nel, porém, Pistorius foi vago ao declarar que a polícia havia possivelmente adulterado provas ao redor do local dos disparos. Ele defendeu também ser improvável que o atleta, em sua versão, correu com a arma para investigar um suposto som no banheiro, sem primeiro tentar falar com Reeva e confirmar que ela estava a salvo, disse o promotor. A promotoria disse que Pistorius também “usou bem calculadas e ensaiadas explosões emocionais para desviar a atenção e evitar ter que responder perguntas”.

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