Campeões do torneio Rendez-Vous à Roland Garros, no domingo, em Florianópolis, o mineiro João Ferreira e a paranaense Nathalia Gasparin são duas das principais promessas do tênis juvenil brasileiro. E, não somente porque vão representar o Brasil na seletiva do Grand Slam francês, os dois jovens se espelham em Gustavo Kuerten para sonharem alto no profissional.
“Ele é muito carismático, sempre simpático, todos gostam dele. E é o brasileiro que mais brilhou. É a minha referência”, diz Ferreira, de 16 anos. No domingo, o mineiro aproveitou a presença de Guga na arquibancada do Lagoa Iate Clube (LIC) para buscar inspiração em meio a um jogo duro contra o brasiliense Gilbert Klier Junior, na final do rendez-vous.
“Quando estava 3/3 no primeiro set, eu vi o Guga ali na arquibancada e já deu um gostinho diferente, uma motivação a mais”, disse o tenista de 16 anos, que recebeu os troféus das mãos do tricampeão de Roland Garros, após vencer o adversário por 2 sets a 1.
O jovem mineiro começou a competir com nove anos e treina no Pampulha Iate Clube (PIC) e na Fly Sports, em Belo Horizonte, na companhia de tenistas como Bruno Soares. Ferreira até divide o mesmo treinador, Hugo Daibert, com o duplista campeão de Grand Slam.
Com bons resultados nos torneios juvenis, Ferreira defende o Brasil na Copa Davis da categoria e já tem experiência em competições pela América do Sul e na Europa. Aos 16 anos, ele inicia a transição para a vida profissional.
O processo começou no fim do ano passado, quando passou a integrar o Projeto Transição, da Confederação Brasileira de Tênis (CBT), que identifica os jovens talentos e nacionais e auxilia na busca por experiência para a entrada no mundo dos profissionais.
Neste ano, por fazer parte do projeto, ganhou a chance de treinar com profissionais como o uruguaio Pablo Cuevas, tricampeão do Brasil Open e atual 30º do ranking, e o espanhol Pablo Carreño Busta, vice-campeão do Rio Open e 23º do mundo. A experiência aconteceu em São Paulo, durante a disputa do Brasil Open.
Uma semana depois, ele vencia o Rendez-Vous, que lhe deu vaga para disputar uma seletiva em Paris, valendo lugar direto na chave principal do juvenil de Roland Garros. “Não vou me aquietar, não vou relaxar. Vou trabalhar mais, o título serve de motivação par chegar em Paris jogando melhor. Nesta segunda mesmo já vou voltar a treinar”, diz Ferreira.
Se o jovem mineiro já faz parte do Projeto Transição, a paranaense Nathalia Gasparin deve passar a integrar o grupo neste ano. Uma das promessas do Brasil, a campeã da chave feminina do rendez-vous integra a equipe brasileira da Fed Cup juvenil e, entre os títulos na sua categoria, é dona do troféu do Campeonato Sul-Americano de 16 anos, em Pereira, na Colômbia.
Assim como João Ferreira, a tenista de 17 anos sonha em repetir os feitos de Guga no saibro. “Ele sempre foi meu ídolo. Na minha primeira Copa Guga, quando ainda tinha 11 anos, foi aqui mesmo [no LIC], eu ficava correndo atrás dele, é o meu ídolo”, lembra a paranaense, sem esconder as risadas.
Gasparin, de cabelos loiros e olhos claros, admite que tem outra referência dentro de quadra: a russa Maria Sharapova. E não apenas pelos resultados no circuito profissional. “Eu lembro um pouquinho ela, na aparência. Sei disso, o pessoal brinca com isso às vezes”, diz a tímida tenista, ruborizada.
Com o título conquistado em Florianópolis, Gasparin já retomará os trabalhos nesta segunda-feira no Clube Curitibano, na capital paranaense, onde treina desde a infância. “Ainda não consigo pensar em Paris, meu foco estava em jogar uma partida de cada vez aqui. Ainda não me imagino lá”, admite a promessa brasileira.
Ferreira e Gasparin vão competir em Paris nos dias 26 e 27 de maio, às vésperas do início da chave principal de Roland Garros, o segundo Grand Slam da temporada. Eles vão enfrentar os campeões do rendez-vous disputado em outros cinco países: Japão, Coreia do Sul, Índia, China e Estados Unidos. O grande campeão de cada chave garantirá vaga automática na chave juvenil de Roland Garros.