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Projeto do Betis vai apagar a última memória da seleção brasileira de 1982

Para concluir o projeto de remodelação total do estádio Benito Villamarín, em Sevilha, iniciado nos anos 2000, o Betis vai pôr fim ao último resquício de arquibancada onde torcedores puderam ver a seleção brasileira jogar na Copa do Mundo de 1982. O setor “Preferencia” é o único remanescente da construção original do campo feito especialmente para o Mundial da Espanha e que recebeu duas vitórias da equipe comandada por Telê Santana na fase de grupos: 4 a 1 na Escócia (gols de Zico, Oscar, Éder e Falcão) e 4 a 0 na Nova Zelândia (dois de Zico, Falcão e Éder).

Aquela que seria para sempre lembrada como uma das maiores equipes de todos os tempos ainda jogou na primeira fase no estádio do Sevilla, o Ramón Sánchez Pizjuán, reformado nos últimos anos e ainda em processo de expansão. Já o estádio do Sarriá, em Barcelona, onde o Brasil derrotou a Argentina e depois viria a perder para a Itália, hoje dá lugar a uma praça, alguns prédios e a uma escola.

O Benito Villamarín é um dos pontos centrais na transformação que passa o Betis nos últimos anos. O Estado esteve no estádio a convite da LaLiga, organizadora da primeira e segunda divisão do Campeonato Espanhol, e pôde conhecer toda a infraestrutura do local.

O campo conta atualmente com 60.721 lugares e foi pensado para privilegiar a transmissão de TV, em qualidade 4k. A iluminação e até mesmo a posição das câmeras nas arquibancadas buscam melhorar a experiência que quem está assistindo.

Quem entra no campo ainda vazio se depara com a figura de um homem com a camisa do clube comemorando. Segundo o diretor de comunicação do Betis, Julio Jiménez Heras, eles não acharam justo escolher apenas um de seus ídolos para homenagear e optaram por uma imagem genérica, que pode representar todos atletas ou até mesmo os torcedores.

Mas o espaço para aqueles que marcaram a história do clube dentro de campo está reservado. É possível fazer um tour guiado pelo estádio para reviver memórias de grandes conquistas, como os títulos da Copa do Rei de 1977 e 2005 e do Campeonato Espanhol de 1935. Também existe um mural interno destacando todos os selecionáveis pela seleção espanhola e outro espaço para os principais ícones que vestiram a camisa verde e branca. Cinco deles estão em destaque maior, dentre eles Rafael Gordillo, que também já foi presidente e hoje ocupa o cargo de diretor de relação internacionais e institucionais.

Mas Heras avisou que uma sexta foto em destaque será colocada assim que Joaquín Sánchez, meia de 37 anos que pertence ao elenco atual, se aposentar. “Daqui uns 10 ou 11 anos”, brincou o dirigente espanhol.

UM CLUBE FAMÍLIA – O Betis tem 1,4 milhão de torcedores que vivem intensamente tudo relacionado ao clube, que tem em sua formação origem operários. A paixão é tamanha que 14 mil deles são donos da equipe. Em 2017 foi feita uma venda de ações destinada a dois grupos: os torcedores mais humildes e os mais ricos. Até mesmo Joaquín decidiu virar acionista para, segundo ele, “retribuir” tudo que ganhou em sua carreira.

Essa ligação entre o clube e seus fanáticos fãs está registrada em uma frase em destaque no Benito Villamarín: “De pais para filhos, de avôs a netos, uma paixão chamada Betis”. E para manter e renovar esse sentimento, o Betis tem uma política de facilitar a entrada do público mais jovem em suas partidas. Atualmente, menores de 14 anos, até mesmo da torcida visitante, pagam 15 euros (R$ 65 reais) para assistir aos jogos.

Estreitar os canais de comunicação com o público é outra parte de planejamento do Betis para seu crescimento local e também para a internacionalização de sua marca. Dono da terceira maior audiência de TV, a equipe tem trabalhado para estar nas mais diversas mídias digitais. Atualmente, o clube conta com quase 3 milhões de seguidores entre Facebook, Twitter e Instagram. Além disso, possui aplicativo para celulares, rádio e um canal no YouTube com 28 milhões de acessos. Para dar conta de toda essa demanda, 29 profissionais são responsáveis pela criação de conteúdo, para antes e depois dos jogos. Eles também produzem várias campanhas para promoção de jogos ou venda de ingressos para toda a temporada.

UM TIME EQUILIBRADO – Depois de enfrentar grandes problemas financeiros, o clube vive uma fase mais equilibrada. No atual elenco, vários jogadores têm passagem por suas seleções como Bartra, Javi García, Lo Celso, Guardado, William Carvalho, Canales e Jesé.

Para Julio Jiménez Heras, essa falta de outros bons jogadores foi o problema quando o Betis resolveu fazer a contratação mais cara da história do futebol em 1998 e tirou Denilson do São Paulo por 32 milhões de dólares (R$ 124 milhões na cotação atual). “Denílson era um grande jogador, mas era apenas um. Era importante na época termos 5 ou 6 Denílsons. Hoje temos uma base muito forte e não apenas um único jogador”.

O Betis ocupa a nona colocação do Campeonato Espanhol, com 43 pontos, e visita o Sevilla neste sábado em mais uma edição do “Grande Dérbi”, válido pela 32.ª rodada, às 15h45 (Brasília). Uma vitória pode deixar a equipe comandada pelo técnico Quique Setién mais próximo da vaga para a Liga Europa pela segunda temporada consecutiva.

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