A Comissão Nacional de Arbitragem planeja lançar na primeira quinzena de dezembro um plano nacional com o objetivo de melhorar o nível dos integrantes da área no futebol brasileiro. Pelo projeto, árbitros, assistentes e analistas de desempenho vão passar a ser treinados e avaliados com base em critérios mais rígidos e quem não apresentar o nível desejado de qualidade será afastado do quadro nacional e até da Fifa.
O trabalho é uma tentativa de dar resposta ao mau momento da arbitragem – a cada rodada do Campeonato Brasileiro muitos erros estão sendo cometidos – e está sendo elaborado pelo coronel Marcos Marinho de Moura, que completa nesta sexta-feira um mês à frente da Comissão Nacional de Arbitragem da CBF.
Homem de confiança do presidente da entidade, Marco Polo Del Nero – o coronel comandou a arbitragem na Federação Paulista de Futebol (FPF) entre 2005 e janeiro desde ano – Marinho substituiu o desgastado Sergio Corrêa na CBF e, desde que chegou, está debruçado sobre o projeto.
Marinho defende os árbitros, atualmente sob uma saraivada de críticas. Apesar de dizer que são bem preparados, reconhece que estão longe do ideal. “Existe um espaço muito grande ainda para a gente melhorar. Pelos próprios resultados que vemos hoje, é inegável que existe certa deficiência na aplicação da regra em termos de uniformidade, na parte disciplinar e até na parte interpretativa”, disse, em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo.
Ele admite ter constatado que, por mais boa vontade que tenham, alguns têm dificuldade de fazer bom trabalho. “Não têm o talento que a gente quer”. Essa notória deficiência está balizando o projeto, cujo formato ainda não está fechado. Mas a CBF estuda participar da formação dos árbitros e assistentes desde a base – atualmente são as federações estaduais as responsáveis pela formação, mas muitas não têm os cursos necessários. “Vamos buscar descobrir talentos. Se unir talento, com treinamento e observação, num período de três a quatro anos você tem um árbitro de qualidade, de nível”, acredita.
A ideia é implantar o novo método já em 2017 e a formação e o aperfeiçoamento dos árbitros irá além dos ensinamentos técnicos e da preparação física e psicológica. De acordo com Marinho, será feito um trabalho de monitoramento, de análise de desempenho, com base em vídeos, relatórios, observações in loco e estabelecimento de critérios que deverão ser cumpridos. E quem não atingir o nível mínimo estabelecido, será rebaixado – o que significa sair do quadro nacional e também da Fifa, se for o caso.
“Vamos criar uma central para que possamos acompanhar todos os jogos e que todos (árbitros e assistentes) tenham no máximo em 48 horas um feedback do que foi a sua atuação, o que precisa ser melhorado, com imagem para ilustrar. Aí, vai ter cobrança muito mais efetiva, porque nós vamos ter uma análise de desempenho real”, afirmou o chefe da arbitragem.
Marinho promete ser rígido na avaliação e assegura que o protecionismo não terá vez no futuro. “Ao chegar ao final do ano, se aquele árbitro não correspondeu, cai de ranking e pode até sair do quadro da CBF. Tudo com análise de desempenho. Quem não estiver dentro das nossas expectativas vai sair”.