A emissora de televisão Canal Plus exibiu na noite desta segunda-feira (22), na Espanha, um programa especial sobre a decadência de Ronaldinho Gaúcho no Barcelona, que após tantas temporadas de sucesso, com dois títulos de melhor do mundo, em 2004 e 2005, caiu em desgraça, ficou meses parado e foi parar no Milan, onde também ainda não se acertou.
Para o presidente do clube catalão, Joan Laporta, os problemas começaram a ocorrer no ano passado. “Na primavera de 2007 (entre os meses de março e julho), depois de um jogo em Zaragoza, começamos a notar atitudes que prejudicavam o grupo”, explicou ele, porém sem detalhar que comportamento poderia ser esse.
Já o secretário técnico do clube, Txiki Begiristain, secretário técnico do Barcelona, revelou que o desempenho de Ronaldinho começou a piorar após a Copa do Mundo de 2006, disputada na Alemanha, quando a seleção brasileira — da qual o meia fazia parte — foi duramente criticada pelo mau futebol apresentado e pela aparente pouca dedicação dos atletas.
“Já naquele momento vimos que ele estava falhando em alguns detalhes. Não se dedicava mais tanto quanto antes, machucava-se, sofria pequenas lesões e cada vez mais era difícil para ele voltar da seleção”, disse o dirigente.
O ex-funcionário do Barcelona Juan José Castillo, que durante anos foi a pessoa que esteve mais perto do craque, acha que o excesso de popularidade pode ter feito mal a ele. “Chegou um ponto em que ele (Ronaldinho) se deu conta de que sua vida não lhe pertencia mais. Quando sua agenda passa a ser administrada por 50 pessoas e 10 multinacionais, é normal que aconteça isso”, contou.
“Ele ficou mais cabisbaixo e mudou a postura. Desligou-se dos amigos de sempre, porque éramos nós quem dávamos broncas nele, dizíamos que o que ele fazia estava errado, mas ele preferia cercar-se de gente que dissesse apenas como ele era bonito e alto”, prosseguiu. Castillo também falou da vida noturna do craque. “Ronaldinho sempre saiu à noite, mas no começo fazia isso para queimar a adrenalina provocada pela concentração nos jogos. Depois virou descaso, costume”.
O zagueiro brasileiro Edmilson, que atuou ao lado de Ronaldinho na seleção e no Barcelona, afirmou que talvez tenha faltado apoio dos próprios colegas, que poderiam ter ajudado o jogador a superar um momento de crise. “Talvez os membros do clube, médicos, fisioterapeutas, diretores, presidente e nós, jogadores, poderiam ter dado algo a mais para ajudá-lo, porque no Barcelona havia muita gente que queria o seu mal, e ele (Ronaldinho) não teve força de vontade para se afastar dessas pessoas”, disse o jogador, que hoje está no Villarreal.
Laporta também crê que a badalação exerceu um peso negativo sobre o meia. “Fizemos uma reunião com ele e ouvimos o que tinha a dizer. Ele nos disse que queria seguir jogando e voltar a ser o melhor”, revelou. “Confiamos nele, porque acreditávamos em seu potencial e sempre fomos muito agradecidos por tudo o que ele fez aqui (no Barcelona). Mas depois ficou evidente que, de tanta gente que tinha ao seu redor, Ronaldinho na verdade estava absolutamente sozinho”.