Os ex-árbitros Sálvio Spínola e Carlos Eugênio Simon, que apitou três Copas do Mundo, defenderam hoje a profissionalização dos árbitros no futebol brasileiro.

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Para Spínola é preciso a profissionalização para que aumente o nível de arbitragem no Brasil. “Hoje o árbitro se machuca e fica 30 dias fora. Não tem plano de saúde, não recebe nenhum auxílio e como não está apitando por estar machucado não recebe nenhum centavo. Quem vai pagar a conta?”, indagou. “Eu treino pela manhã com um professor de educação física, que remunero. Se houver a profissionalização ficará muito melhor e, inclusive, aumentará o nível da arbitragem no País”, completou.

Para o ex-árbitro e comentarista de arbitragem no Paraná Online, Valdir Bicudo, é preciso mais vontade política de todos os envolvidos no futebol brasileiro para que seja feita a profissionalização. “. Falta (vontade) daqueles que detém a prerrogativa de mudar a situação vigente. Na Inglaterra há 10 anos adotaram o processo de profissionalização classificando o árbitro em quatro categorias. Mas lá a cultura é outra, inclusive na formação intelectual do indivíduo. Esse processo foi implementado de forma gradativa e hoje tem os melhores árbitros do mundo, já que eles se dedicam apenas ao futebol”, salientou.

O analista de arbitragem diz que no Brasil poucos se preocupam com a questão. “Quem vai pagar o árbitro? Qual será o salário? Como será feita essa classificação? Os clubes não querem pagar os árbitros, a CBF e as Federações também não querem. Hoje diante da atual conjuntura teria que ser feito um projeto embrionário. Temos dois projetos sobre o caso no Congresso Nacional, sendo o mais importante deles o projeto de lei 6.405/2002, que versa sobre a regulamentação da atividade do árbitro no Brasil. Mas, infelizmente, está parado numa das gavetas. É imperativo reunir todos os interessados sobre o tema e encontrar um meio para que seja feito (a profissionalização). Quando se tem vontade política se faz tudo no Brasil. Agora, não sei se há vontade para que isso seja feito”, relatou.

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Bicudo disse que o Brasil ainda engatinha quando comparado a Inglaterra e outros grandes países na Europa no quesito arbitragem. “Quando há um problema em um jogo na Inglaterra o pessoal senta para conversar. Dois dias após a partida, os árbitros, treinadores, um dirigente e a comissão de arbitragem sentam para analisar a arbitragem do jogo. Esssa ideia surgiu porque após 48 horas todos os envolvidos, após fazerem uma reflexão mais apurada, têm uma opinião diferenciada dos acontecimentos e de cabeça fria a análise é mais ponderada. Os árbitros e assistentes que cometeram equívocos são convocados pela comissão de arbitragem e são doutrinados, com imagens dos erros cometidos. São submetidos a um processo de requalificação para que não hajam mais erros. Aqui no Brasil é impossível para que ocorra algo similar a isso. O futebol pentacampeão do mundo está na vanguarda do atraso”, concluiu.