Professor sem sala de aula

Quem nunca ouviu um jogador de futebol se referir ao treinador do time como “professor” que atire o primeiro giz. A origem do hábito não tem registro, mas tornou-se comum no meio da bola, mesmo que o técnico de futebol não tenha necessariamente a formação necessária para ser, de fato, um professor, cujo dia é comemorado hoje, 15 de outubro.

O volante Reginaldo Nascimento conta que já ouviu falar que os treinadores mais antigos gostavam de ser chamados de professores. “Como o futebol era muito amador, os treinadores ensinavam muita coisa, de toque de bola a chute a gol. Eram autênticos professores. Hoje eles são mais orientadores”, diz.

Na verdade, atualmente, chamar um treinador de professor, na opinião do atleta, tem mais a ver com respeito. “Eles gostam porque dá um sentido hierárquico ao futebol. Mas o pessoal mais novo, da comissão técnica, mesmo que realmente tenha curso superior, chamamos pelo nome, até mesmo porque eles preferem”.

Do início da carreira, Reginaldo lembra com carinho de dois treinadores-professores. “Aprendi muito com o Abel Braga e com o Espinosa”.

Para o experiente Maurílio, essa história de chamar treinador de professor se difundiu por influência entre os atletas. “Um chama, o outro vê e a expressão se propaga. Mas se for bem observado, quem usa esse termo e também chama o técnico de senhor são os jogadores mais novos, aprendizes”.

Com poucos anos de diferença para seu atual treinador, o jovem Saulo de Freitas, Maurílio garante que não chama treinador de professor. Mas aprendeu muito com Otacílio Gonçalves, que marcou sua carreira. “Ele me influenciou no início e devo muito do que sou a ele”.

O jovem Ilan, do Atlético, diz que no caso de Mário Sérgio, o próprio treinador prefere não ser chamado de professor. “Cada um tem um jeito diferente. Ele prefere que chamemos de Mário, pois não tem formação de professor”, diz. No entanto, os membros da comissão técnica que estudaram para chegar aos postos, recebem o tratamento diferenciado. “Eles estudaram para se tornarem professores”.

Apesar ne não manter o hábito de chamar o comandante de professor, Ilan agradece aos ensinamentos recebidos ao longo de sua carreira. “Se eu citar apenas um treinador que fez as vezes de professor, seria injusto. Cada treinador que tenho me ensina coisas novas e importantes”.

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