André Villas-Boas é constantemente lembrado no São Paulo quando ocorre mudança ou ameaça de troca de treinador. O português, que já trabalhou no Porto e no Chelsea, entre outros, e se aventurou como piloto de rali, conta que o seu nome não surgiu em vão. Existiu e ainda existe real possibilidade de ele trabalhar no Brasil e o time do Morumbi é a sua prioridade.
“Tive uma conversa com o São Paulo quando eu sai do Chelsea e ficamos muito próximo de um acerto. Fiz algumas reuniões com o Juvenal (Juvêncio, presidente na época), mas as coisas não evoluíram”, contou o treinador, em entrevista ao Estado, em Mônaco, onde irá participar do Prêmio Laureus nesta terça-feira.
O contato foi feito em 2012, após a demissão de Emerson Leão. O acerto só não aconteceu porque dias antes de dar o “sim” ao São Paulo, André Villas-Boas recebeu uma proposta milionária do Tottenham e decidiu permanecer na Europa por mais um período. Hoje ele é amigo do diretor de futebol Raí, mas garante que não há qualquer conversa no momento. “Deixa ele arrumar aquilo lá e no futuro a gente pode ver”, afirmou, mostrando estar ciente das dificuldades que o amigo tem no comando do clube.
No final de novembro, o português deixou o Shanghai SIPG, da China, para participar do Rali Dacar, uma aventura abandonada após se acidentar em uma prova. De volta ao futebol, aguarda propostas da Europa, mas sem esquecer do Brasil. “Quero ficar mais uns dois ou três anos na Europa e depois queria tentar algo no Brasil ou no Japão. O São Paulo é a prioridade por ter sido o clube brasileiro que me fez proposta”, explicou.
E antes mesmo de chegar, o português já tem reclamações sobre a organização do futebol no Brasil. “Eu já falei para alguns dirigentes. O calendário é muito apertado e não permite o desenvolvimento. A importância dos Estaduais não deixa que as coisas mudem e 20 equipes na primeira divisão é muita coisa. Talvez 18 fosse um número melhor”, analisou. “O curioso é que mesmo assim, continuam saindo talentos”, completou.
Fã do compatriota José Mourinho, a quem ele diz que revolucionou a forma de treinar futebol, através de mais metodologia e ciência, André Villas-Boas não fica em cima do muro quando o assunto é Copa do Mundo. “Creio que a Alemanha é a favorita. Tem um time forte e os jovens que estão chegando também são muito competentes. Mas vale ressaltar o Brasil, do Tite, que voltou a apresentar um grande futebol”, analisou.
Poliglota, André Villas-Boas está sem clube, mas acredita que a partir de abril já começam a surgir propostas, pois os Europeus começam a pensar no planejamento da próxima temporada. Uma coisa é certa: ele não volta para a China.
O português acredita que questões políticas estão atrapalhando o andamento do futebol chinês. “Mudaram o regulamento no meio do campeonato, diminuindo o espaço para os estrangeiros e obrigando a utilizar mais garotos, que claramente não estão preparados. O nível técnico do campeonato tende a cair”, protestou.