Inaugurado em maio do ano passado, o Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro é considerado o principal legado da Paralimpíada do Rio para os atletas de esportes adaptados no País. Mas agora enfrenta o grande desafio de tornar financeiramente sustentável uma estrutura gigante de 95 mil m².
O grande temor de que as sedes construídas para os Jogos Olímpicos de 2016 se tornassem “elefantes brancos” se confirmou com vários equipamentos definhando na capital carioca, mas o CT localizado no km 11,5 da Rodovia dos Imigrantes, em São Paulo, segue novo em folha e é tido como um marco para a formação e a continuidade da carreira dos competidores de alto rendimento que são portadores de deficiências físicas.
Gerido pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), o CT tem um custo anual que gira em torno de R$ 30 milhões, segundo confirmou a entidade à reportagem do Estado, que visitou as instalações do local na terça-feira. Com obras inicialmente orçadas em R$ 264,7 milhões, o empreendimento teve um custo final de R$ 305 milhões, sendo R$ 187 milhões deste montante oriundos de recursos federais e o restante do governo estadual. Deste total, R$ 24 milhões foram gastos com equipamentos de 16 modalidades paralímpicas.
A principal fonte de renda do CT hoje vem da Lei Agnelo/Piva e agora o CPB traça uma estratégia para gerar recursos por meio da utilização dos espaços do local que servirão para ajudar na sua cara manutenção, mas a execução desta iniciativa ainda depende da assinatura definitiva do contrato de gestão, o que deve ocorrer em breve.
Após ser aprovado no chamamento público do governo estadual, a entidade paralímpica ganhou o direito de administrar o CT por cinco anos, sendo que o contrato prevê a renovação do acordo por igual período.
“Uma estrutura deste porte tem o potencial para ser o alicerce da preparação não só para os Jogos de Tóquio, em 2020, como também para os seguintes. Também nos cria uma série de possibilidades para o desenvolvimento do paradesporto no Brasil”, destaca o CPB.
Utilizado também para competições de estudantes com deficiência, o local abriga no momento os Jogos Escolares, que servem como seletiva para as Paralimpíadas Escolares, evento visto como grande revelador de atletas que possivelmente também poderão estar nos Jogos Paralímpicos de Tóquio.
Entrevistado pela reportagem do Estado após fazer aquele que seria o último treino da seleção brasileira antes de viajar para o Mundial Paralímpico de Natação – o evento foi adiado por causa do terremoto que atingiu a Cidade do México na terça-feira -, o astro Daniel Dias exaltou a grande importância que o novo CT tem para o Brasil.
“A gente agora tem esse CT e eu fui um cara que teve de viajar muito para fazer minha preparação para os Jogos do Rio. Esse foi um ano em que viajei menos para fazer minha preparação. Só viajei para competir. Para mim, essa é a grande evolução. Esse ambiente é o que precisávamos para fazer um ciclo bem feito. E não tenho dúvidas: vamos colher frutos em Tóquio e depois também”, disse o maior atleta paralímpico do País, com 24 ouros em Mundiais e outros 14 em Olimpíadas.