Palco da abertura e encerramento da Olimpíada e da Paralimpíada do Rio-2016 e dos principais jogos do futebol carioca, o Maracanã está longe de ser um elefante branco, problema comum das outras arenas da Copa do Mundo de 2014, mas seu futuro está indefinido. O principal estádio do Brasil está sem condições de uso. O problema é uma briga judicial entre a concessionária e o governo do Estado do Rio de Janeiro.
Em março do ano passado, o consórcio Maracanã S.A., que administra o estádio e é liderado pela Odebrecht, cedeu a arena ao Comitê Organizador Rio-2016 para a Olimpíada e a Paralimpíada. Após as competições, o consórcio não aceitou o estádio de volta, alegando que ele não estava na mesma condição anterior.
No entanto, a Justiça ordenou que o consórcio reassumisse o Maracanã. A empresa, por sua vez, recorreu da decisão. No último capítulo da briga, na última sexta-feira, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro negou recurso e manteve a decisão de 1.ª instância que obriga a empresa a reassumir a gestão do estádio e do Maracanãzinho. Assim, a concessionária deve manter a administração, sob pena de multa diária de R$ 200 mil.
Por causa da disputa, o complexo está fechado. Turistas não conseguem visitá-lo e o gramado foi abandonado. Funcionários da empresa Sunset, responsável pela segurança do estádio, registraram, em boletim de ocorrência no início do mês de janeiro, o furto de duas televisões de LCD de 46 polegadas, de um pino de mangueira de incêndio em cobre e de dois bustos, também de cobre. Um deles do jornalista Mário Filho, que dá nome ao Maracanã.
O estádio teve a sua energia cortada por falta de pagamento. A concessionária garantiu a quitação do débito de R$ 1 milhão. O consórcio também comunicou que já restabeleceu o contrato com a empresa responsável pela segurança e solicitou aumento do efetivo tanto o estádio do Maracanã como para o ginásio do Maracanãzinho. O mesmo procedimento teria sido adotado com outros prestadores, incluindo empresas de manutenção do gramado e limpeza.
CONTRAPONTO EM BELO HORIZONTE – O Mineirão é um dos poucos exemplos de sucesso entre as arenas da Copa. Em 2016, o estádio alcançou o crescimento de 35% de exploração comercial com jogos de futebol e grandes shows. Foram 43 três partidas com arrecadação de R$ 18 milhões apenas em bilheteria.
Só o clássico das Américas, partida das Eliminatórias entre Brasil e Argentina, rendeu R$ 13 milhões. Mais de 53 mil pessoas acompanharam o massacre da seleção brasileira sobre a argentina por 3 a 0. Foi o maior público da arena em 2016. Entre os grandes shows, a arena recebeu a apresentação do grupo britânico Iron Maiden e da banda californiana Marron 5. A arena também assinou contrato com a cervejaria Brahma, que se tornou a marca oficial do estádio.
Em alguns casos, shows e jogos de futebol acontecem simultaneamente. No camarote do estádio, os torcedores podem acompanhar espetáculos musicais nos intervalos e no final das partidas. A partida inicial do Campeonato Mineiro, entre Vila Nova e Cruzeiro, também terá atrações musicais.
Com um planejamento comercial para 25 anos, o estádio recebe desde aniversários de crianças até shows para 50 mil pessoas. O organizador do evento tem o custo médio de R$ 10 por pessoa. No futebol, não há aluguel do estádio, mas apenas cobrança dos custos operacionais. No caso do Cruzeiro e no do América-MG, por exemplo, há um contrato de fidelidade. Para o Atlético, a negociação é feita jogo a jogo.
O Mineirão firmou uma parceria inédita com o estádio Beira-Rio, em Porto Alegre. Os clientes de camarotes e cadeiras cativas da arena de Belo Horizonte e das áreas vips da gaúcha tiveram assentos garantidos nos dois estádios na semifinal da Copa do Brasil.