A semana é decisiva para o Santos e muito mais para Enderson Moreira. O treinador balança no cargo, dois meses depois de chegar à Vila Belmiro para substituir Oswaldo de Oliveira. Se o time fracassar na decisão da vaga para a final da Copa do Brasil, nesta quarta-feira à noite, na Vila Belmiro (precisa reverter a derrota por 1 a 0 do Mineirão), ainda restará a esperança de uma vitória Corinthians, domingo, no primeiro jogo do Santos no Itaquerão.
Menos de duas semanas depois de ter o trabalho elogiado pelo presidente Odílio Rodrigues Filho, Enderson ficou em situação de perigo depois de o time acumular quatro jogos sem vencer – derrotas diante de Fluminense e Internacional, ambas na Vila Belmiro, e Cruzeiro, em Minas, e empate com a Chapecoense, em Santa Catarina. Curiosamente, ele está sendo vítima da sequência maldita, que, com mandos invertidos, derrubou o seu antecessor no cargo.
As desculpas de Enderson para os maus resultados, de que o futebol às vezes é injusto e que o time merecia vencer os últimos jogos, já não convencem os dirigentes e nem os torcedores que aplaudiram o time depois da derrota de domingo, mas deixaram um aviso no ar de que na quarta (amanhã) “o caldeirão vai ferver”.
“Uma hora a coisa vira”, disse Enderson, ao lamentar as chances que o time perdeu na derrota por 2 a 1 diante do Internacional, num discurso parecido ao de Oswaldo após as derrotas Fluminense, Internacional, Corinthians, Cruzeiro e São Paulo, com vitórias contra Atlético-PR e Chapecoense, ambas em casa, culminando com o tropeço contra o Botafogo no Rio. Mas o treinador tenta mostrar que o seu trabalho é bom e que o Santos ainda pode salvar a temporada. “O que mostra que podemos ganhar são os jogos que temos feito. Fizemos um segundo tempo muito bom contra o Cruzeiro e poucas pessoas falaram que o Santos jogou de igual para igual e que merecia resultado diferente”.
O que pode salvar o emprego de Enderson é a classificação para as finais da Copa do Brasil. Nesse caso até uma possível derrota contra o Corinthians será tolerada em nome da esperança da conquista do segundo título da competição nacional, no confronto com Flamengo ou Atlético-PR. Depois do clássico no Itaquerão, o Santos vai receber o Cruzeiro no Pacaembu, enfrenta o Atlético-PR na Arena da Baixada, joga contra o São Paulo na Arena Pantanal, em Cuiabá, volta à Vila diante do Botafogo e na última rodada será visitante contra o Vitória, no Barradão.
O Comitê de Gestão, que agiu com rigor ao demitir Oswaldo de Oliveira, não vai resistir a pressão das arquibancadas para não correr o risco de que os resultados negativos do futebol contaminem a campanha do candidato da situação nas eleições presidenciais de 6 de dezembro, com chance de vitória diante da oposição fragmentada.