O preso Rogério Balbino da Silva, 23 anos, da Colônia Penal Agrícola, em Piraquara, está fazendo testes no time profissional de futebol do Malutrom, de Curitiba. Rogério chamou a atenção da comissão técnica do Malutrom durante um amistoso realizado no último domingo, na Colônia Penal. O Malutrom venceu por 5 a 1, mas o meia-esquerda Rogério teve um bom desempenho e marcou o gol de seu time.
Se for bem nos testes, que devem levar cerca de 20 dias, ele pode ser contratado pelo Malutrom. “Sempre tive o sonho de ser jogador”, conta Rogério. “Vou dar tudo de mim para aproveitar esta chance e poder voltar à sociedade numa boa condição.”
Nesta sexta-feira, Rogério deve ganhar liberdade condicional. Ele está preso há cinco anos e oito meses por assalto. Sua pena total é de dez anos, mas o período deve diminuir bastante, pois ele sempre trabalhou e teve excelente comportamento na prisão.
A contratação de Rogério independe da liberdade condicional. Ele já cumpre regime semi-aberto e trabalha no setor de manutenção do DER. “O exemplo de Rogério deve servir como incentivo para todos os presos”, diz o secretário da Segurança Pública, José Tavares. “Sempre há uma chance de ressocialização para quem tem força de vontade.”
Para o Malutrom, o fato de Rogério cumprir pena não é um empecilho para ele jogar no time. “Pelo contrário, ficaremos muito felizes se a contratação acontecer, pois assim ofereceremos uma grande oportunidade para o rapaz reiniciar sua vida”, afirma o supervisor do clube, Rui Wisniewski.
Rogério passará por uma avaliação física, técnica e tática. Nesta semana, ele iniciou um treinamento especial apenas para a parte física. Em mais duas semanas, deverá ter uma resposta sobre sua permanência no Malutrom. “Ele joga bem. Em apenas uma partida já mostrou que tem habilidade”, diz Wisniewski. “A contratação agora depende dele. Se for bem nos testes, as possibilidades serão boas.”
Caso seja contratado, Rogério receberá uma ajuda de custo do clube. O Malutrom, campeão brasileiro da terceira divisão em 2000, não disputa torneios oficiais até o fim deste ano.
Rogério treinava todas as terças e quintas e jogava pelo time da Colônia Penal nos finais de semana. Antes de ser preso, ele chegou a atuar no futebol amador de Curitiba, pelo Santíssima Trindade, do bairro Capão da Imbuia. “Adoro futebol. Jogo desde os sete anos”, afirma. (AEN)
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