As denúncias de corrupção na Série Prata de 2004 serão investigadas pelo Tribunal de Justiça Desportiva da Federação Paranaense de Futebol (TJD-PR). O presidente do Tribunal, Bôrtolo Escorsin, mandou abrir um inquérito para apurar as acusações de um ex-jogador do Engenheiro Beltrão, que revelou em entrevista exclusiva à Tribuna que o clube foi beneficiado pela arbitragem na edição do ano passado.
Escorsin pediu à FPF todas as súmulas de jogos disputados pelo Engenheiro Beltrão na Série Prata do ano passado. ?Também solicitei a relação dos atletas inscritos pelo clube naquela competição. Esperamos que sejam ouvidos para esclarecermos as denúncias?, disse o jurista. De acordo com Escorsin, o caso pode gerar uma denúncia formal com base no artigo 271 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, que prevê eliminação do futebol.
Na edição de ontem, a Tribuna publicou a entrevista de um atleta que foi titular do Engenheiro na Série Prata de 2004. O jogador, que só aceitou prestar declarações se seu nome fosse preservado, afirmou que a equipe subiu à Série Prata graças a um esquema de compra de árbitros. O atleta acusou a diretoria do clube de ter subornado pelo menos cinco apitadores durante o hexagonal final da Segundona, vencida pelo Engenheiro.
O inquérito será presidido pelo auditor Paulo César Gradella Filho, que tem 15 dias para conclui-lo e apresentá-lo à procuradoria do Tribunal. O primeiro inquérito que investiga denúncias de corrupção no futebol local já foi concluído e o julgamento de 13 árbitros e dirigentes está marcado para a próxima segunda-feira. Hoje encerra-se o prazo para os denunciados apresentarem defesa por escrito – até agora, apenas o ex-árbitro Amoreti Carlos da Cruz e o ex-diretor do Marechal Cândido Rondon, Gílson Pacheco, apresentaram documentos ao TJD.
Defesa
O presidente do Engenheiro Beltrão, Luiz Linhares, rebateu ontem as acusações veiculadas pela Tribuna. O dirigente nega todas as denúncias de fraude e alega que foi prejudicado na Série Ouro do Estadual. ?Se eu tivesse todo esse poder, não teria sido rebaixado?, disse Linhares. O comandante do clube do Centro-Oeste do Estado também contesta o anonimato exigido pelo jogador e a ausência de provas apresentadas por ele. ?Nosso time era bom. Tínhamos organização e os jogadores recebiam em dia. Por isso subimos. Não precisamos nos defender de quem não se identifica e faz denúncias sem apresentar provas?, disse Linhares.
O Engenheiro Beltrão move ação no TJD, pedindo a anulação de seu rebaixamento à Série Prata. Baseado no Estatuto do Torcedor, o clube alega que o regulamento da Série Ouro de 2005 não poderia ter sido alterado em relação ao do ano passado -naquela edição, houve um quadrangular para definir os rebaixados. Em 2005, o último colocado dos grupos da 1.ª fase (Engenheiro e Império do Futebol) caiu direto.