Na quinta-feira passada, o presidente do Palmeiras, Maurício Galiotte, definiu a sua diretoria estatutária. Foram confirmadas as participações no dia a dia do clube de diretores que estavam com o mandatário alviverde desde a gestão de Paulo Nobre, como Alexandre Matos (diretor remunerado de futebol), Paulo Roberto Buosi (diretor administrativo), José Eduardo Caliari (diretor financeiro) e Alexandre Zanotta (diretor jurídico).

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Causou surpresa, porém, a saída de gestores que tiveram grande importância dentro do clube nos últimos anos, casos de Guilherme Gomes Pereira, no departamento jurídico, e Luis Fronterotta e Ricardo Galassi, que ajudava nas estratégias de planejamento, entre outros. O Estado procurou o presidente Galiotte para conversar sobre as mudanças no clube, mas ele não se manifestou até a hora da publicação da reportagem.

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Dentro do clube, conselheiros, diretores e sócios passaram a especular sobre as reais motivações para Galiotte se desfazer desses diretores. A teoria mais difundida seria a de pressão política por parte do grupo comandado pelo ex-presidente Mustafá Contursi.

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A reportagem do Estado conseguiu conversar com Guilherme Pereira. Na entrevista, o advogado prefere não polemizar sobre sua saída. Ele conta como conseguiu ter sucesso na arbitragem entre o Palmeiras e a construtora do Allianz Parque, a WTorre, fala sobre sua posição em relação à eleição da dona da Crefisa ao Conselho do clube e ainda deseja sucesso ao presidente Galiotte.

Você tem ideia dos motivos que levaram o presidente Maurício Galiotte a afastá-lo do departamento jurídico do Palmeiras?

Sim. O presidente conversou previamente comigo. Pelo bem do clube e da continuidade da gestão, prefiro não entrar no mérito da decisão do Maurício, a quem estimo e torço pelo sucesso. Pretendo continuar ajudando no que for possível.

Você teve participação decisiva na arbitragem entre o Palmeiras e a WTorre. Foi um período difícil? Esse é o seu maior legado ao Palmeiras?

Foi um período muito difícil. No início, algumas pessoas não entendiam quais eram as controvérsias. Depois, alguns diziam que estávamos com picuinha. Posteriormente, a pressão era para que ganhássemos. Uma montanha russa. Acho muita pretensão de minha parte falar em legado. O legado é de todos os que contribuíram direta e indiretamente. São muitos os personagens responsáveis pela defesa dos direitos do Palmeiras até o momento. Todos na gestão anterior foram essenciais. Na diretoria, correndo o risco de esquecer alguém, cito fundamentalmente o Alexandre Zanotta, o Ricardo Galassi, o Moacyr Gottardi, o Augusto D’Alessio, o Mauro Yazbek, o Genaro Marino, que já era vice-presidente, entre outros, além do próprio Paulo Nobre, que nos deu amplo respaldo. Fico contente em saber que contribui para isso. Mas a gestão do departamento jurídico foi muito maior que isso. O departamento foi completamente reestruturado, graças ao trabalho árduo dos diretores estatutários e à equipe de profissionais. Hoje funcionamos como relógio, com organização, equipes formadas, escritórios predefinidos e que prestam serviço de alta qualidade. O Alexandre Zanotta e a equipe de profissionais vão continuar, isso é importante.

Você foi um dos conselheiros que votaram pela impugnação da votação que elegeu Leila Pereira conselheira do clube. Você mantém sua posição hoje?

Foram 33 votos pela impugnação. Mantenho a minha posição. Não tenho nada pessoal contra ela. O patrocínio das empresas pertencentes a ela e ao marido é ótimo para o clube, não há dúvida. Eu não votei contra ela, votei contra o que, na minha visão, foi uma infração ao Estatuto. Era ela naquele momento, mas se fosse qualquer outro associado minha posição seria a mesma. Não se trata de não acreditar na palavra dela ou na do ex-presidente Mustafá… mas não existe nenhum documento nos registros do clube. O ato de associação é formal. É apenas isso.

Você acredita que poderá voltar a ocupar algum cargo diretivo do clube? Você tem esse desejo?

Tenho 38 anos, nasci no clube e respiro a política do clube desde a infância, por conta do meu pai. Meu novo mandato no Conselho vai até 2020. Existem muitas formas de ajudar o Palmeiras, não necessariamente exercendo um cargo. Mas acho natural um dia voltar.

Você acredita que a maneira como Mauricio Galiotte tem conduzido o clube é diferente da forma como o ex-presidente Paulo Nobre exerceu seu mandato?

Sim. Cada um tem seu estilo. Isso é natural em qualquer grande empresa e acaba sendo natural em um clube gigante como o Palmeiras.