O presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, resolveu publicar uma carta aberta no site oficial do clube, nesta sexta-feira, para expressar a sua indignação com a atual conjuntura do futebol nacional. Na esteira da humilhante goleada sofrida pelo Brasil na última terça-feira, na semifinal da Copa do Mundo, o dirigente destacou que “a derrota por 7 a 1 abriu, de forma dolorosa, nossos olhos para a realidade atual do futebol brasileiro”.

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Bandeira de Mello lembrou que os clubes do País são os “responsáveis permanentes pela formação e pelo suprimento de talentos para a nossa seleção” e viu a derrota para os alemães como um possível divisor de águas para que o futebol do País possa se reestruturar.

“Os problemas são muitos: vão desde uma legislação que enfraquece o trabalho formador dos clubes, passando pelo processo eleitoral das federações de futebol, até os altos custos de administração das novas arenas. Todos eles são complexos e com soluções, na melhor das hipóteses, de médio prazo. Apesar da necessidade imperiosa de reversão desse quadro negativo, entendemos que nenhuma tentativa de solução será eficaz se não atacarmos os graves problemas decorrentes da situação caótica hoje vivida pelos clubes brasileiros de futebol”, destacou.

Para o presidente do Flamengo, “o futebol brasileiro se acostumou a viver num mundo onde o não cumprimento das obrigações virou, para muitos, sinônimo de gestão eficaz e vencedora”. “A consequência inevitável foi o acúmulo de dívidas fiscais e trabalhistas que sufocam a gestão dos clubes”, completou.

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Ciente de que a goleada de 7 a 1 da Alemanha sobre o Brasil, ocorrida no Mineirão, serviu para escancarar os problemas que o País enfrenta para formar grandes jogadores, Bandeira de Mello vê o futebol nacional com “uma oportunidade única de estabelecer um novo marco na governança e na gestão dessas entidades desportivas, acabando com práticas condenáveis de longa data e obrigando os clubes a cumprirem fielmente seus compromissos financeiros, trabalhistas e fiscais”.

“Está para ser votada pelo Congresso uma lei que punirá, de forma muito dura, os clubes que não honrarem sua missão social e seus compromissos: a chamada Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte. Com esta lei, prevista para ser votada no início do mês de agosto, os clubes serão obrigados a prestar contas regulares com a sociedade e a pagar rigorosamente em dia suas dívidas. A punição – caso isto não ocorra – se dará através do rebaixamento para divisões anteriores e da responsabilização dos dirigentes”, enfatizou.

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Para falar sobre a necessidade de os clubes se adequarem a uma nova política fiscal, Bandeira de Mello ainda citou o atual cenário do futebol da Alemanha. “É interessante notar que um dos pilares da Bundesliga – a entidade que organiza o Campeonato Alemão, nossos algozes nesta Copa do Mundo, é exatamente o pagamento dos compromissos em dia. Nenhum time participa do campeonato caso não ateste sua idoneidade financeira”, lembrou.

“Por isso é que nós, representando a Nação Rubro-Negra – a maior torcida do mundo – nos juntamos aos demais grandes clubes brasileiros para reforçar a importância da aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte. Temos a firme convicção de que a criação desse novo marco e a moralização do nosso setor será o primeiro passo para voltarmos a ser o país do melhor futebol do mundo”, finalizou.