Meses após forte polêmica entre o Comitê Olímpico Internacional (COI) e a Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês), o presidente do COI, Thomas Bach, fez um convite formal ao advogado Richard McLaren, investigador independente que desvendou o doping no esporte russo, para uma conversa sobre o seu trabalho, que gerou discordâncias entre COI e Wada.
Bach fez o convite nesta quinta-feira, durante encontro do o Comitê Executivo da entidade em Pyeongchang, na Coreia do Sul, sede da próxima edição dos Jogos Olímpicos de Inverno, no próximo ano. A reunião com McLaren deve acontecer em Lausanne, sede do COI, em data ainda a ser confirmada.
O convite acontece oito meses depois de o investigador sacudir o mundo olímpico com o relatório que denunciava doping sistemático no atletismo russo, contando até com o suporte de governantes locais. Ele denunciou também suposta conspiração do esporte russo para alterar amostras de doping durante os Jogos de Inverno de Sochi, disputado na Rússia em 2014.
De acordo com o porta-voz do COI, Mark Adams, Bach quer se encontrar também com o presidente da Wada, Craig Reedie, para melhorar o relacionamento entre as duas entidades. “Esperamos que possamos trabalhar em uma cooperação melhor e mais próxima para deixar para trás esta questão”, disse Adams.
A questão a que se refere o porta-voz foi os atritos públicos entre COI e Wada após a revelação do relatório de McLaren. Indignada com as alegações de doping sistemático da Rússia, a Agência Mundial Antidoping pediu ao COI o banimento de todos os atletas russos nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em agosto do ano passado.
O COI, contudo, negou a suspensão geral e “terceirizou” a punição às federações internacionais de cada modalidade. A postura foi criticada pela Wada. Presente no encontro do COI na Coreia do Sul, McLaren afirmou ter ficado incomodado com as “picuinhas” em meio às discussões públicas sobre o tema.
Segundo o porta-voz do COI, Bach fez elogios ao trabalho realizado pelo McLaren no convite para a reunião. “Toda a denúncia massivo no esporte russo só foi descoberto graças ao trabalho de McLaren”, escreveu o presidente do COI.
Os elogios contrastam com declarações recentes do COI a respeito do trabalho do investigador independente. No mês passado, em carta aberta às entidades esportivas, o COI apontou “falta de evidências consistentes” na apuração de McLaren e sugeriu que havia “traduções feitas por sua equipe eram inadequadas”.