A prisão de Onaireves Moura e outros oito funcionários e ex- dirigentes marca o início de uma nova era na Federação Paranaense de Futebol (FPF). É o que promete o atual presidente Aluízio Ferreira, que assumiu a entidade há cerca de quatro meses. ?Agora é a hora de mostrar tudo o que tem de errado, para começar uma vida nova. É isso o que estamos fazendo?, garante.
Aluízio era um dos vices de Moura e foi chamado para assumir a entidade em julho, quando o ex-presidente foi afastado. Sua proximidade com a administração anterior deixou no ar a suspeita de que Onaireves continuaria dando as cartas na FPF.
O delegado-chefe do Núcleo de Repressão aos Crimes Econômicos (Nurce), setor da Polícia Civil responsável pelas investigações que levaram às prisões de ontem, também ficou com essa impressão. ?Moura, mesmo afastado da Federação, continuava agindo e usando a instituição como antes?, afirmou Sérgio Sirino.
O atual presidente da FPF se sentiu injustiçado com a declaração. ?Quem disse isso não foi o delegado que está à frente do inquérito policial. Foi o delegado superior ao doutor Robson Barreto, que tem acompanhado nosso trabalho e tem plena consciência de que o Moura não está mandando na Federação. Se ele estivesse mandando, provavelmente estaria preso com ele?, rebate Aluízio.
Ao invés de acobertar Moura, Aluízio diz que colaborou com as investigações. ?Quem supriu a delegacia da documentação que gerou quase dez volumes de inquérito foi a própria Federação. A partir do momento que assumi, deixei tudo à disposição da Justiça e do delegado. Fui convocado duas vezes e fui à delegacia, mesmo sem intimação formal?, defende-se.
O atual mandatário da FPF jura que não ficou sabendo dos crimes de Moura na época em que era vice-presidente. ?Não fazia a mínima idéia do que estava acontecendo. Fui convocado e como era do interior, vim e assumi. O processo estava correndo, havia um afastamento do presidente, pensei que ficaria aqui 60 dias, depois eles voltariam. Mas a coisa começou a se aprofundar e fui tomando conhecimento, mas daí já era tarde para sair daqui correndo?, afirma.
Aluízio diz que a investigação do Nurce auxiliou seu trabalho de saneamento da FPF. ?O trabalho da polícia foi excelente e deve servir de exemplo para todo o Brasil. De certa forma, ela nos ajudou a administrar o lado que a gente não conhecia, o lado escondido. A polícia nos poupou um trabalho de investigação que provavelmente nos tomaria mais de um ano para descobrir tudo o que eles descobriram em tão pouco tempo?, conclui.
Estadual de 2008 já vale 7 vezes mais
O Campeonato Paranaense de 2008 deixará o deste ano no chinelo. Pelo menos no valor pago pela televisão para transmitir o torneio. Ontem, os 16 clubes que estarão na disputa participaram de um arbitral financeiro na sede da Federação Paranaense de Futebol – FPF e receberam as propostas de duas emissoras.
O martelo ainda não foi batido e os valores não foram confirmados oficialmente. Mas nos bastidores comentou-se que uma das ofertas chega a R$ 2,5 milhões. Cerca de sete vezes mais que os R$ 350 mil pagos em 2007. Atlético, Paraná e Coritiba ficariam, cada um, com 14% do bolo – R$ 350 mil. O restante R$ 1,450 mi seria dividido entre os demais – R$ 111,5 mil.
Mas o assunto ainda está longe de ser resolvido. Mais uma vez, o Atlético bateu o pé e não participou das discussões. O clube da Baixada pediu o cancelamento do arbitral, por entender que as prisões do ex-presidente e dirigentes da FPF pela manhã tornava o momento inadequado para a discussão de assuntos financeiros. Como não foi atendido pelos demais, o Furacão abandonou a reunião e deve negociar separadamente a transmissão de seus jogos no estadual.
Além da verba da televisão, os clubes também discutiram assuntos como taxas de arbitragem e de registro de atletas. Uma nova reunião deve ser marcada para dezembro, para definir os últimos detalhes do estadual que terá início dia 9 de janeiro de 2008.
Batida passou pelo Adap, em Maringá
Um dos alvos das batidas policiais feitas pelo Nurce na manhã de ontem, o Adap Galo se explica: O clube de Maringá diz que liberou toda a documentação solicitada e justificou os depósitos na conta do Colégio Técnico de Futebol Pinheirão, entidade que, segundo a polícia, era usada para desviar recursos da FPF.
Segundo nota emitida pelo clube, os depósitos suspeitos eram referentes a uma antecipação parcial das despesas e taxas de borderô da FPF e da Confederação Brasileira de Futebol – CBF, da partida Paraná Clube e Corinthians, realizada no dia 14 de maio de 2006, no Estádio Willie Davids, em Maringá, pelo Campeonato Brasileiro.
?Além dos documentos repassados, a diretoria do Adap Galo Maringá se coloca à disposição da Justiça para qualquer outro tipo de esclarecimento no tocante a taxas devidamente quitadas à FPF?, conclui a nota.