A briga envolvendo torcedores do Atlético e do Vasco na rodada derradeira do Brasileirão 2013 deixou marcas que dificilmente serão esquecidas. Não bastasse ter que atuar longe da Arena da Baixada (então fechada e em reforma para a Copa do Mundo), o time teve que disputar a Copa Libertadores sem seu principal e reconhecido combustível: a torcida Os Fanáticos.
Queiram ou não, é ela quem realmente motiva o time durante os jogos, afinal seus cantos e sua bateria ditam o ritmo do time. A suspensão de seis meses imposta pelo Ministério Público tirou dos jogos do Rubro-Negro um pouco do brilho, mas foi encarada como necessária para dar uma resposta à sociedade após a confusão. Se foi a resposta mais correta ou não o tempo dirá, mas que provocou sensíveis mudanças na principal organizada atleticana, provocou. A renúncia do até então presidente Julio Sobota e toda sua diretoria, desde primeiro de junho, foi motivada justamente por toda a confusão e repercussões de Joinville.
O novo presidente, Adilson “Thirso” Pereira, promete endurecer o combate aos torcedores brigões. Ele garantiu que não haverá mais brigas nas arquibancadas em jogos do Atlético. “Não vai ter nenhum tipo de briga na arquibancada, do nosso lado, seja com quem for. Não vai ter briga mesmo, mas se tiver os envolvidos serão punidos por nós e pelo clube”, afirmou. A certeza não acompanha, é claro, o torcedor que não for à Arena. “Eu posso cuidar da torcida dentro da Baixada. Fora, no bairro, eu não posso estar. Mas na arquibancada eu garanto”.
Pode ser um alento, mas ainda não é certeza de segurança reforçada e mudança de comportamento, mesmo porque o controle absoluto de quem veste uma camisa de organizada é impossível. “A torcida tem suas regras e pisou fora da linha a gente se reúne e pune o sócio. O problema é que tem gente que vem aqui e não é sócio, compra uma camisa e vai pra rua brigar. E a culpa cai na gente. Estamos tentando colocar na cabeça dessa piazada que se quiser brigar que entre numa academia”, explicou Thirso.
O secretário da torcida, Gilmar Alves, dá a entender que o melhor remédio para uma organizada é manter sua independência e endurecer o controle de associados. Questionado se a Fanáticos recebe algo do clube, ele foi enfático. “Nada, nada, nada. Nem um muito obrigado pela festa que a gente faz nas arquibancadas. Mas também a gente não quer receber. Somos independentes, temos nossa loja e associados”, contou. Apesar disso, o relacionamento tem sido bom, mesmo após as brigas de Joinville. “Na última eleição tivemos uma conversa e tudo que prometeram pra gente ele cumpriram: o acesso para a primeira divisão e o estádio. Fazendo o trabalho deles, não temos o que reclamar”, concluiu Alves.