A presidente Cristina Kirchner não irá ao Rio de Janeiro neste domingo para ver a final da Copa do Mundo no Maracanã entre a seleção de seu país e o time alemão. O anúncio foi feito no final da noite de quinta-feira por intermédio de uma carta que a presidente Cristina enviou à presidente Dilma Rousseff.
Nessa missiva a presidente argentina justificava sua ausência, alegando que não poderá viajar porque está de repouso médico. De acordo com a Casa Rosada, Cristina sofre desde a quarta-feira da semana passada uma intensa faringolaringite
Ela também argumentou que não poderá viajar porque recebe o presidente russo Vladimir Putin no sábado. E na segunda-feira é o primeiro aniversário de seu único neto, Néstor Ivan Kirchner. No entanto, Cristina Kirchner viajará ao Brasil na terça-feira, para participar – na categoria de convidada – da reunião dos países do grupo Brics.
A presidente havia sido convidada pela presidente Dilma para ver a abertura da Copa. No entanto, também recusou o convite na época. Tampouco despediu-se pessoalmente da seleção argentina, quando a delegação se encaminhava ao Brasil para o início do Mundial, optando por enviar um comunicado de boa viagem aos jogadores do técnico Alejandro Sabella.
No âmbito político, há meses especulava-se que Cristina evitaria assistir qualquer jogo da Argentina para evitar o risco de ficar com sua imagem vinculada à de uma eventual derrota em qualquer fase do campeonato.
Entre os políticos argentinos paira a “Síndrome de Menem”, alusão à fama de pé-frio do ex-presidente Carlos Menem (1989-99), que viajou à Itália em 1990, para presenciar o jogo de abertura da Copa, no qual a Argentina – considerada a favorita na época – enfrentava a seleção de Camarões no estádio Giuseppe Meazza de Milão. Aquele jogo terminou com a derrota argentina por um a zero (graças a um gol feito cinco minutos antes do encerramento do jogo).
Na ocasião, a fama de Menem como fonte de azar espalhou-se na opinião pública a tal ponto que o presidente – semanas depois – não compareceu à final dessa Copa, na qual a Argentina confrontou-se com a Alemanha.
Menem, fanático pelo futebol, optou por enviar seu irmão, o senador Eduardo Menem. O resultado estendeu a fama de pé-frio à toda a família Menem: Alemanha campeã mundial, Argentina vice. Desta forma, no último quarto de século, por via das dúvidas, nenhum presidente argentino jamais voltou a estar presente em qualquer fase de uma Copa do Mundo.