As estruturas temporárias do Beira-Rio ficarão prontas para a Copa do Mundo, mas dificilmente serão entregues à Fifa até 21 de maio, dia tido como prazo para repassar a administração do estádio para a entidade. A previsão foi feita pelo prefeito de Porto Alegre, José Fortunati (PDT), em entrevista coletiva na sede da Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul (Federasul), nesta quarta-feira, um dia depois de a Assembleia Legislativa aprovar o sistema de incentivos fiscais que pretende atrair empresários dispostos a bancar as instalações. “O cronograma talvez ultrapasse um pouco a data prevista, mas com certeza teremos as estruturas montadas com toda a qualidade necessária até o fim de maio”, avisou ele.

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O projeto de lei do Executivo aprovado pelos deputados estaduais na terça-feira prevê o abatimento de 100% de débitos de ICMS, limitado aos gastos com as estruturas, estimados em R$ 25 milhões, para empresas que destinarem recursos à montagem de estacionamentos, centro de imprensa, equipamentos de transmissão de dados, voz e imagens, entre outros. O governo deve sancionar e regulamentar a lei nos próximos dias. O Inter, proprietário do estádio, vai apresentar uma empresa habilitada a instalar as estruturas temporárias. E a captação de recursos de outras empresas para encaminhá-los à execução das obras será submetida à análise de um comitê de avaliação.

ROUBADA – A solução encontrada para o impasse das estruturas temporárias colocou as administrações do Estado e de Porto Alegre sob críticas porque envolve renúncia fiscal e também cessão de equipamentos públicos, como geradores e detectores de metais, que serão cedidos temporariamente ao evento pela prefeitura da cidade e governo do Rio Grande do Sul.

Na noite de terça-feira, ao participar de um evento denominado “Diálogos sobre a Copa”, o governador Tarso Genro (PT) demonstrou contrariedade com as exigências que a Fifa fez para o Brasil sediar o Mundial. Depois de ouvir representantes de movimentos sociais reclamarem das condições impostas pela entidade, ele chegou a falar em “invasão de soberania do País”, para, em seguida, afirmar que “a decisão de assumir a Copa nessas condições foi uma roubada”.

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O governador ressalvou, no entanto, que a Copa é uma oportunidade, “apesar de todas as injustiças”. O Estado espera que o movimento de turistas no Rio Grande do Sul gere cerca de R$ 80 milhões de impostos durante a Copa.

Questionado sobre a declaração do governador no dia anterior, Fortunati disse nesta quarta-feira que não considera a Copa “uma roubada” porque entende que o evento vai mudar a fisionomia de Porto Alegre. Mesmo que tenham sido retiradas da Matriz de Responsabilidade, 14 obras de infraestrutura estão em andamento na cidade e devem ficar prontas em um ou dois anos. São novas vias rápidas, corredores exclusivos de ônibus e elevadas que devem melhorar o tráfego da capital gaúcha.

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Para o prefeito, Porto Alegre conquistou obras necessárias à cidade, gastou muito menos do que outras sedes da Copa porque o Beira-Rio é particular, reformado sem dinheiro público, mas acaba pagando, sob forma de críticas generalizadas, o preço de estádios construídos em outras cidades, como Manaus e Natal, que qualificou de “elefantes brancos”. “As isenções fiscais daqui são migalhas diante dos (gastos) dos demais Estados”, concluiu Fortunati.