Qual torcedor atleticano não sonha em fazer parte da história do seu clube? A grande maioria, disso, não tem dúvida. Mas poucos conseguem. Quem pôde ir ao Joaquim Américo na última quarta-feira participou de mais uma (e provavelmente a última) reinauguração do estádio atleticano. O simples fato de ocupar uma das cadeiras da Arena da Baixada promoveu esses torcedores a uma categoria especial. Ao término do jogo, porém, ficaram duas frustrações intermeadas à felicidade de estar lá: primeiro a desclassificação do time da Copa do Brasil e segundo a chateação por não ver o estádio lotado de seus pares.
Números preocupantes
De acordo com o borderô publicado no site da CBF, o público pagante foi de 17.369 torcedores, o que corresponde a uma renda bruta de R$ 289.880,00. Estratificando este número, 16.148 sócios estiveram na Arena da Baixada e apenas 1.221 ingressos foram vendidos nas bilheterias do estádio atleticano. Um novo desmembramento mostra que os torcedores adquiriram 796 meias-entradas para o setor mais barato, 338 ingressos inteiros, 57 meias e 30 inteiras para o setor Plus. O alto valor dos ingressos avulsos claramente afastou o torcedor.
Se a presença dos torcedores preocupou, mas outros detalhes do documento financeiros chamaram a atenção. O custo de abertura do estádio (valor médio padrão para todas as partidas), incluindo custos com funcionários, arbitragem, entre outros, foi de R$ 112.534,06, o que deixou a renda líquida em R$ 177.345,94. Desse valor tira-se R$ 161.480 que corresponder à quantidade de sócios que estiveram presentes, sobrou ao Atlético a renda de R$ 15.865,94 apenas.
Velha Baixada
A Arena da Baixada esteve no imaginário do torcedor durante dois anos e nove meses. O tempo fechado para as obras de reforma e o período de punição do STJD pelas brigas da sua torcida criaram a expectativa do reencontro. O gostinho da saudade. Saudade, aliás, que faz o torcedor lembrar da velha Baixada. Ou do “Farinhacão”, como ficou conhecido o estádio após uma reforma/campanha promovida pelo ex-presidente José Carlos Farinhaque. “Sinto-me, como qualquer torcedor do Atlético, feliz. Sinto-me com a mesma importância que qualquer torcedor tem”, disse o ex-presidente ao Paraná Online.
Farinhaque lamentou o resultado, mas emocionou-se com a beleza do estádio. “Estive lá e fiquei muito feliz. Não todo feliz, pois o resultado não chegou. Mas são coisas do futebol. Achei bonita a atitude da torcida após o jogo aplaudindo jogadores. Já tive outras vezes lá e toda vez que vou e vejo essa torcida me dá uma satisfação muito grande, pois de alguma forma, humildemente, dei minha participação”, disse.
Esperava-se lotação máxima na quarta, mas o desempenho do time na temporada esfriou um pouco o clima. A derrota para o América-RN no jogo de ida pela Copa do Brasil piorou ainda mais a situação. Os valores de ingressos fora da realidade fecharam o anticlímax. Mesmo assim, repito, esperava-se mais.