A seleção olímpica, formada por atletas com menos de 23 anos, enfrenta a Colômbia nesta quinta-feira, no estádio do Pacaembu, em São Paulo, em amistoso de preparação para o torneio Pré-Olímpico, que acontece em janeiro e dará vaga para a Olimpíada de Tóquio-2020. É o pontapé inicial para a defesa da medalha de ouro conquistada no Rio de Janeiro, em 2016. Para o ex-jogador Branco, coordenador das seleções de base da CBF, o País tem uma oportunidade de resgatar o seu prestígio nas competições de base, arranhado depois que a equipe sub-20 ficou fora dos Mundiais de 2013, 2017 e 2019.
“Nós defendemos o título olímpico, mas temos de reconquistar nosso espaço no mundo”, disse um dos heróis da conquista do tetracampeonato mundial com a seleção brasileira em 1994, nos Estados Unidos, em entrevista exclusiva ao Estado.
Para garantir um time forte, Branco revela que vai viajar à Europa, ao lado do técnico André Jardine, para tentar liberar jogadores importantes do elenco junto aos clubes europeus. A equipe possui nomes como Paulinho (Bayer Leverkusen), Renan Lodi (Atlético de Madrid), Douglas Luiz (Aston Villa) e Guilherme Arana (Atalanta). Jogadores importantes que atuam no Brasil, como Pedrinho (Corinthians) e Antony (São Paulo) também estão no elenco.
Branco revela que a comissão técnica vem realizando um monitoramento cuidadoso de atletas que não passaram categorias de base da seleção brasileira. “Temos 10 jogadores que nunca haviam sido convocados. Esse é um dado muito importante”, disse o coordenador.
Matheus Cunha, do RB Leipzig, da Alemanha, é um deles e será titular do ataque nesta quinta-feira. Ele ficou entre os 10 candidatos ao Prêmio Puskàs deste ano. Bruno Tabata, do Portimonense, de Portugal, e Mauro Júnior, do Heracles Almelo, da Holanda, são outros convocados que arrumaram a mala e deixaram o Brasil antes mesmo de brilharem por aqui.
Como resgatar os bons resultados da seleção brasileira na base, considerando que a equipe sub-20, por exemplo, ficou fora dos últimos Mundiais?
É preciso lembrar que vamos defender o título olímpico após a conquista no Rio. Mas temos de reconquistar nosso espaço no cenário mundial. Nunca deixamos de revelar grandes jogadores, mas conquistar títulos também é muito importante.
Como é a relação com o Tite?
Temos muita proximidade. É um trabalho integrado com atividades que são feitas em conjunto diariamente. Na semana passada, por exemplo, tivemos uma reunião com a comissões técnicas do sub-15, sub-17 e sub-20. O Parreira (técnico campeão com a seleção em 1994) afirmou que nunca tinha um trabalho tão integrado como esse.
Como monitorar os casos de atletas que podem jogar ou já jogaram por outras seleções, como o Lyanco e Luis Felipe?
A gente monitora com cuidado e estamos atentos a todos os jogadores que têm potencial para atuar na seleção. Quer um exemplo desse trabalho? Hoje, nós temos 10 jogadores que nunca foram convocados para as seleções nas categorias inferiores. Foram sete no Torneio de Toulon e mais três para esses amistosos. São atletas com 22 e 23 anos que nunca passaram pelas seleções. Onde eles estavam? Esse é um dado que poucas vezes foi divulgado.
Você vai contar com os jogadores acima dos 23 anos que estão na seleção principal?
Hoje nós temos uma grande integração entre todas as seleções. Temos o Ivan que foi campeão no Torneio de Toulon, por exemplo, e está na seleção principal. O Gabriel Jesus está na principal e está na seleção olímpica.
Você espera contar com o Vinicius Junior, por exemplo?
A prioridade é montar uma seleção fortíssima. No momento, a prioridade é o time olímpico. Nós já conhecemos o Vinicius Junior. Será que o Real Madrid vai liberar? O Real tem jogadores de todos os países no mundo. A gente já conhece muitos jogadores. O Lucão, goleiro do Vasco, tem 18 anos. Estamos dando oportunidade para ele ganhar maturidade.
Como você espera conseguir a liberação desses atletas junto aos clubes europeus?
Tudo é relacionamento. Logo após os amistosos, eu e o André Jardine vamos à Europa conversar com os clubes para mostrar a importância de uma convocação para a seleção brasileira para esses atletas. Todos querem essa oportunidade. Provavelmente teremos alguns desfalques no Pré-Olímpico, pois não é uma data Fifa, mas tudo é questão de relacionamento, de sentar e conversar.
Quais posições estão reforçadas?
Isso vai depender do trabalho no campo. As posições estão abertas. Ainda não definimos.
Como você avalia essa geração?
O Brasil não para de formar bons jogadores. Eles precisam ser lapidados. São joias. O Brasil não pode perder sua essência. Estamos perdendo o drible e a individualidade, aquele poder que quebrar as linhas de marcação com uma jogadora que ninguém conseguiu previr. Não podemos criar robôs. Antes, os europeus vinham aprender aqui. Agora, acontece o contrário. Precisamos trazer essa metodologia de resgate da nossa essência de volta aos clubes.
É preciso diminuir o campo de treinamento para as categorias de base, por exemplo. Um menino do sub-11 não tem condições físicas de jogar como lateral. Não podemos dar treinos táticos e físicos para um menino de 12 ou 13 anos. É preciso deixar ele driblar e ser livre dentro do campo. Nossa essência fez com que a gente ganhasse 13 títulos.
Nesse contexto, eles ganham quando saem para jogar na Europa muito cedo?
Ganham na disciplina tática, mas não ganham na individualidade.