O lutador Esquiva Falcão completou sua 17ª vitória como profissional. Doze por nocaute. A contagem de vitórias é também a marcha regressiva para a disputa do cinturão dos médios (até 72,5 kg). O brasileiro invicto pretende disputar mais quatro lutas neste ano e brigar pelo título no primeiro semestre de 2018. “O nível dos adversários está aumentando. Chutando alto, estarei pronto para disputar o cinturão até o meio de 2018”, disse.

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A caminhada, obviamente, exige aperfeiçoamentos. Diante do costa-riquenho Jaime Barboza, ele apresentou erros, mas mostrou um jeito sólido de lutar, com bom trabalho na linha de cintura. Antes que a reportagem do Estado questionasse sobre as duras broncas que recebeu do técnico Miguel Diaz, ele se adianta. “Meu técnico, o Miguel Diaz, é um pai para mim.”

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Com seu jeito característico de falar – aos soquinhos, comendo algumas palavras – ele acha que tomou a decisão certa ao deixar o boxe amador e guardar na gaveta a medalha de prata nos Jogos de Londres para ser profissional e ser (muito bem) remunerado nos Estados Unidos. Levou mala e cuia para Las Vegas e assinou contrato com uma gigante promotora de lutas, a Top Rank, a mesma do filipino Manny Pacquiao.

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O pugilista não fala em valores, mas as bolsas para profissionais em início de carreira giram em torno de US$ 60 mil (R$ 185 mil). Só com o dinheiro da assinatura do contrato, comprou uma casa em Vitória, onde a família mora. “Não queria ser mais um que bateu na trave, que tentou e não conseguiu. Queria morar nos Estados Unidos e ser campeão do mundo.”

Quando Esquiva diz que o treinador cuida dele, ele está falando de tudo mesmo. Como ainda não domina o inglês, ele teve sérios problemas no exame teórico para tirar a carteira de motorista. Acabou reprovado. Com isso é o treinador quem o leva para os treinos diários. São quatro horas de preparação, duas para a parte física e mais duas para aperfeiçoar a parte técnica.

A maior esperança do boxe brasileiro estava no aeroporto internacional de Las Vegas, onde embarcava para um período de dez dias no Brasil. Religiosamente, ele tira um período de descanso após os combates. Matou a saudade da família – sua filha mais nova, Luísa, de quatro meses, ainda não tem idade para viajar. Também visitou o filho Erik, do primeiro relacionamento, que mora em São Paulo. Sozinho em Las Vegas nos últimos meses, encontrou um grande rival fora dos ringues: o fogão. Quando quer uma lasanha, por exemplo, pede ajuda para a mulher Suellen pela webcam.

A origem do nome Esquiva é uma das daquelas histórias conhecidas, mas que não perdem o viço. A ideia foi do seu pai Touro Moreno ou Adegard Câmara Florentino. Como os treinadores que ficam ao lado do ringue não podem dar instruções, Touro dribla a regra quando chama pelo filho. Esquiva ri toda vez que conta sua história.

Ligeiro com os novos hábitos de lutador profissional, ele se despede. “Não posso deixar de agradecer aos meus patrocinadores, a Netshoes, Everlast e a ParisFilm”.