Possível sensação, Bélgica aposta na calmaria de Mogi

Uma estrada em bairro rural, com tratores no acostamento e plantações de hortaliças como paisagem é um dos caminhos para se chegar até o recanto da equipe candidata à sensação da Copa do Mundo. Os Diabos Vermelhos, como são conhecidos os belgas, preferiram a calmaria de um resort nos arredores de Mogi das Cruzes, em São Paulo, para treinar e se concentrar para o torneio.

O quartel-general belga fica a cerca de 15 km do centro da cidade, às margens da represa Taiaçupeba. Os jogadores se hospedam e treinam no mesmo luxuoso local, com quadras de tênis, piscina e campo de golfe à disposição para as horas livres. No município, bandeiras nos postes indicam a presença de uma seleção da Copa por ali, mas na portaria do resort, há pouca movimentação de torcedores.

“O nosso técnico (Marc Wilmots) escolheu o lugar da nossa concentração justamente para termos tranquilidade e privacidade. Acho que essas são as melhores condições possíveis para treinar”, comentou o atacante Divock Origi, descendente de quenianos e jogador do Lille, da França. Por enquanto o treinador fez poucos treinos com a presença da imprensa. Ainda assim, pouco mostrou do time que todos esperam ver em ação.

A Bélgica retorna à Copa do Mundo depois de 12 anos, passou invicta pelas Eliminatórias e tem no elenco jogadores jovens e que atuam nas principais ligas europeias. A estrela é o meia Eden Hazard, do Chelsea, no ataque, marcar os gols são de responsabilidade de Romelu Lukaku, do Everton. Na defesa estão os zagueiros Vincent Kompany, do Manchester City, e o lateral Toby Alderweireld, do Atlético de Madrid.

ENTROSAMENTO – Boa parte do grupo tem a mesma faixa etária e dos 23 convocados para a Copa, apenas um tem mais de 30 anos. Muitos atletas se conhecem desde as categorias de base da seleção e vivenciaram a reformulação dessas equipes, que desde o começo dos anos 2000 fixou o esquema no 4-3-3. A padronização se deu depois do fracasso da seleção na Euro 2000, sediada conjuntamente com a Holanda. O time caiu na primeira fase e a federação local decidiu contratar uma consultoria estrangeira para reestruturar a formação de talentos.

A Bélgica chegou ao Brasil com o status de cabeça de chave e aumentou a expectativa dos torcedores quando o sorteio colocou como companheiros de grupo equipes teoricamente mais fracas, como Argélia, Rússia e Coreia do Sul. “Somos muito tranquilos, porque sabemos o que podemos fazer na Copa. Conhecemos nossas qualidades e não vamos nos contagiar porque nos consideram favoritos. Temos apenas que repetir o que fizemos nas Eliminatórias”, despistou o meia Steven Defour, do Porto.

Já o goleiro Thibaut Courtois pensa diferente e admite que a equipe é a mais forte do grupo. “Todos os nossos adversários nos veem como favoritos e vão explorar os contra-ataques quando nos enfrentarem. Por isso, temos de ter cuidado”, afirmou o jogador do Atlético de Madrid. Na opinião dele, a partida contra a Rússia será a mais complicada. “Eles têm um campeonato nacional forte e jogadores de alto nível. Lembro da qualidade deles quando joguei contra o Zenit”, comentou.

Até a estreia contra a Argélia, terça-feira, em Belo Horizonte, pouco deve mudar na rotina dos atletas em Mogi das Cruzes. De diferente, os jogadores já tiveram visitas durante os treinos de crianças de escolas municipais e de compatriotas que moram em São Paulo.

A busca pela tranquilidade fez a comissão técnica, inclusive, cancelar o jogo-treino que seria realizado contra os Estados Unidos no CT da Barra Funda. Os mais de 60 km de distância até São Paulo e a possibilidade de trânsito caótico na quinta-feira de abertura da Copa desmotivaram os belgas.

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