Fazer futebol no interior do Paraná é uma tarefa difícil, principalmente quando não se tem uma boa estrutura e o apoio de uma torcida. Sem estádio próprio para mandar seus jogos e com uma minguada lista de admiradores, a Portuguesa Londrinense – que escapou do rebaixamento na última rodada da Série Ouro – é o reflexo de como clubes pequenos se esforçam para sobreviver e continuar a disputar campeonatos nas categorias profissional e juniores.
Para tentar equilibrar suas finanças, a Portuguesa estuda mudar de ares e deixar Londrina. De acordo com o presidente Amarildo Vieira, duas cidades são sondadas para abrigar o time: Cambé e Arapongas. ?Estamos em conversação e acreditamos que em um estágio bem avançado. Hoje estaria 80% para Cambé e 20% para Arapongas?, confidenciou o presidente.
Jogar em Londrina significa prejuízo para o clube, conforme explica Amarildo. Isto fica exemplificado nas fracas rendas obtidas pela Lusa em suas atuações em casa, no Estádio do Café, em 2007. Com exceção da partida contra o rival Tubarão, que teve público total de 2.028 pessoas e renda de pouco mais de R$ 12 mil, o maior público pagante da Portuguesa, com seu mando de jogo, foi de 99 torcedores e renda de R$ 800, contra o Paranavaí. Diante da fraca arrecadação, Amarildo tomou a decisão de mandar seus últimos jogos do Estadual em Curitiba – contra o Paraná Clube e Coritiba. As rendas foram respectivamente de R$ 6.995 e R$ 23.140.
É forte a tendência para a Lusa mudar de cidade, pois assim poderia arranjar novos parceiros e tornar o clube viável. As conversas estão sendo feitas entre o presidente da Portuguesa e as Prefeituras de Cambé e Arapongas. Além do auxílio da Prefeitura, em um novo nicho, a Lusa pretende atrair novos investidores. Atualmente, a equipe é patrocinada apenas pela Sercomtel. ?O importante para um clube tornar-se competitivo é ter uma casa, torcida e parceiros fortes. Encontraremos isso em um novo centro, fora de Londrina?, explicou Amarildo.
Empréstimos para sobreviver e pensar no futuro
Mudar para crescer. Seguindo essa filosofia, a Lusa espera tornar-se um time mais competitivo em próximos campeonatos, a começar pela disputa da Copa Paraná. Apesar de escapar da degola apenas na última rodada, o presidente Amarildo fez uma análise positiva do desempenho de seu time nas 15 rodadas da Série Ouro. ?Todos os nossos jogos foram equilibrados, até mesmo contra os times da capital. Faltou um pouco de sorte e fomos prejudicados, em alguns jogos, pela arbitragem?, afirmou. Segundo ele, a equipe empatou oito jogos e errou três pênaltis que poderiam ter mudado a história da Lusinha na competição. ?Com esses pontos estaríamos em melhor posição?, ponderou.
Não ter um calendário para disputar jogos atrapalha a administração do clube e a formação de uma equipe ?com mais conjunto?. Desta maneira, a forma encontrada para desonerar a folha de pagamento da Lusa e manter os jogadores em atividade é emprestá-los a outras agremiações. Isso foi feito pela Portuguesa que, em menos de uma semana do término de sua participação no Estadual 2007, já emprestou todo o seu time titular para times do interior de São Paulo (Olímpia, Osasco, São Carlense), de Minas Gerais (Uberlandia), Mato Grosso (Pontaporã) e Paraná (Foz do Iguaçu). Como todos o elenco pertence a Portuguesa, os empréstimos foram feitos por três meses e os atletas retornam para a disputa da Copa Paraná. A exceção fica por conta de Baeza, único que rescindiu contrato e assinou com o Olímpia.
Esses malabares administrativos feitos pela diretoria da Lusa têm permitido que o clube tenha uma vida financeira estável, segundo Amarildo. ?Não temos dívidas, nem trabalhistas. Mas também não temos dinheiro para investir. Sobrevivemos com a venda de jogadores e com a ajuda de colaboradores. Estamos nos mantendo assim desde a fundação do clube, há nove anos?, explicou o presidente.
Hoje, a folha do clube gira entre R$ 60 e 70 mil e os jogadores não ganham mais que R$ 1,5 mil.
