A falta de transparência em relação ao repasse dos valores referentes aos direitos de arena levou um grupo formado por 16 jogadores que atuam ou atuaram em clubes paulistas a questionar o Sapesp (Sindicato dos Atletas Profissionais do Estado de São Paulo). Eles acionaram o sindicato por meio de uma notificação extrajudicial em que exigem informações claras e detalhadas sobre os pagamentos feitos, descontos realizados e ainda pedem que os valores sejam repassados integralmente.

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A notificação foi protocolada em cartório no último dia 14, depois que, de acordo com os jogadores, o sindicato negou-se a receber o documento. Existe a desconfiança de cobranças indevidas, por isso o pedido do detalhamento.

No documento, os jogadores alegam que “não têm tido o retorno esperado para o efetivo exercício dos direitos da categoria profissional”. “Com essa notificação, estamos procurando o que é melhor para nós. Não compreendemos bem como é esse procedimento (de repasse dos valores e dos descontos feitos) e queremos uma clareza maior”, disse à reportagem o meia Adrianinho, da Ponte Preta, um dos signatários da notificação.

Desde meados da década passada, o Sapesp – que há 18 anos tem como presidente o ex-goleiro do Palmeiras Rinaldo Martorelli – passou a se encarregar do repasse aos atletas dos valores referentes ao direito de arena (5% da receita dos clubes provenientes da exploração de direitos desportivos audiovisuais). Antes, era o clube o encarregado de fazer o repasse aos jogadores. Mas muitos davam calote e, por isso, os sindicatos, em vários estados brasileiros, tomaram para si essa função.

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No entanto, agora os atletas reclamam da falta de transparência em relação aos valores que recebem e também de descontos não autorizados e indevidos. Além da demora do repasse do dinheiro. “O campeonato acaba em dezembro e o sindicato demora de três a quatro meses para enviar o dinheiro. E não há correção”, revelou Adrianinho, dando como exemplo o Campeonato Brasileiro. O repasse é feito de uma só vez.

LUTA – Inconformados, os 16 atletas decidiram reagir. E, além de desautorizar qualquer desconto sobre os valores de seus direitos de arena, exigem o repasse imediato e integral do que lhes é devido com atualização monetária, juros e qualquer ganho financeiro obtido a partir de investimentos feitos com o dinheiro dos direitos.

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Também pedem que sejam enviadas a eles uma “prestação de contas detalhada”, por partida, sobre todo o direito de arena que o Sapesp recebeu em nome dos atletas, com indicação de descontos e justificativas. Requerem ainda documentos referentes à estrutura e organização do sindicato, demonstrações contábeis e suas eleições.

A reportagem procurou o Sapesp. Por meio de uma nota oficial, enviada por sua assessoria, Martorelli informou apenas que “a entidade está preparando todo o procedimento e dará detalhes no momento oportuno”. O prazo estabelecido na notificação para que os atletas sejam atendidos foi de 10 dias.

Além de Adrianinho, assinaram o documento os corintianos Cássio, Bruno Henrique, Renato Augusto e Vagner Love; os santistas Renato e Ricardo Oliveira, além do ex-santista Elano; Fernando Prass, do Palmeiras; Bolívar (ex-Portuguesa); Fernando Bob, da Ponte Preta; e Douglas Friedrich, do Bragantino, entre outros.