Antes de mais nada: não vamos tratar aqui de fatos consumados. Nada de problema de diferença financeira, nada de verba de TV, nada de dívidas com A e B. Sabemos de tudo isso, o torcedor está tão careca quanto o Héber Roberto Lopes de saber dessas coisas. O que me deixa atarantado depois da “quarta maldita” é que dois dias depois parece que nada aconteceu.

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Vejam: o Atlético erra cinco pênaltis em oito cobrados, fica todo mundo injuriado por duas horas e tudo volta ao normal; o Coritiba enche o estádio e perde pro penúltimo colocado do Campeonato Argentino (e são trinta times disputando a primeira divisão por lá); o Paraná Clube joga direito o primeiro tempo, sofre dois gols em três minutos e não tem força pra sequer reagir; e o Londrina tem a terceira chance de entrar no G4 da Série B, a segunda em casa, e não ganha.

Tudo isso aconteceu em cinco dias. E assimilamos como se fosse a coisa mais normal do mundo. Na matéria do Ricardo Brejinski, vemos que são quinze anos com brilharecos de Atlético e Coritiba (cinco vice-campeonatos), o Paraná patinando na Série B e o Londrina chegando à Segundona. Pouco para quem tem o quinto maior mercado do futebol brasileiro. E ainda vemos centros com menos relevância econômica, como Bahia e Goiás, investindo bem mais na segunda divisão que os nossos times da primeira.

Aceitamos isso passivamente. E antes que digam que há vaias nos estádios e cobranças nas redes sociais e nas páginas dos jornais, o que mais existe? Nada. Sejamos sinceros: o que vai valer fazer um “tuitaço” contra Mário Celso Petraglia, por exemplo? E o que decorreu do “escândalo do WhatsApp” do Coritiba? Nada. Absolutamente nada.

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E aí a roda gira e nossos times seguem perdendo. Londrina, Operário, Coritiba, Paraná e Atlético estão fora da Copa do Brasil. O Coxa perdeu em casa na Sul-Americana e precisa fazer o que nunca fez na vida, ganhar um jogo oficial fora do Brasil. J. Malucelli, Maringá e PSTC também caíram fora na Série D. Na Segundona, o Paraná primeiro quer escapar das últimas posições pra ainda saber se dá para lutar por algo. O Coritiba na Série A também só pensa em fugir do rebaixamento. Resta, das treze oportunidades paranaenses em competições nacionais e internacionais, uma luta mais distante do Atlético pela Libertadores e uma mais real do Londrina pelo acesso à primeira divisão.

Culpa de quem? De Weverton ou de Kazim, que perderam os pênaltis? Não, de todos. Talvez a maior parcela seja dos dirigentes, que adoram esbanjar soberba mas são tímidos para enfrentar mercados menos fortes – e, quando têm bons jogadores nos elencos, os perdem por alguma bobagem, vide Walter, Vinícius, Henrique Almeida e Robson. Mas também os torcedores têm responsabilidade, porque podem colaborar decisivamente em dois momentos – na hora de votar, para quem sabe mudar um panorama ruim, e se associando, para ter direito a voto e dar um fôlego financeiro ao clube – e acabam vivendo ao sabor dos resultados, que infelizmente são mais ruins do que bons.

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E nós jornalistas também, porque vira e mexe pegamos um gosto por crises. Ou porque alguns que militam na imprensa acham que torcer para determinado time é bom, e esquecem da função principal, que é informar. Todos temos responsabilidade. Todos deixamos as derrotas trágicas passarem e passarem e passarem. E enquanto todos fizermos isso, não podemos exigir que nosso futebol evolua. Ficaremos aqui, na nossa província. E olha lá.