Aos 74 anos, Pelé já dá sinais que a idade está chegando. Principalmente depois dos graves problemas de saúde que teve no final do ano passado, quando ficou internado quase um mês, devido a uma infecção hospitalar. Ontem, o Rei do futebol esteve em Curitiba, onde promoveu o lançamento de cursos de pós-graduação de uma faculdade, e mostrava dificuldades para andar e volta e meia precisava pausar as falas para tossir e respirar.
Mesmo assim, por onde passa chama a atenção e atrai olhares. Bastou ele chegar ao local marcado para a entrevista coletiva para que todas as câmeras procurassem um espaço para filmar ou fotografar cada passo dele. Após a entrevista, diversas pessoas se aproximaram de Pelé em busca de uma foto ou um autógrafo.
As declarações do Rei também sempre geram polêmicas, mas, ainda assim, todos param para ouvi e questioná-lo sobre diversos assuntos. Ontem não foi diferente e Pelé falou sobre tudo que foi perguntado e se mostrou preocupado com o futuro da seleção brasileira, principalmente após o fiasco da equipe no Sul-Americano sub-20, onde terminou na quarta colocação. “Temos excelentes garotos individualmente falando, mas nossa seleção não consegue ser preparada porque a liberdade que os empresários tem é muito grande. Eles levam para fora jogadores de 16, 17 anos e fica difícil dar sequência”, apontou ele.
Aliás, a tal liberdade dos empresários nos clubes de futebol foi duramente criticada por Pelé, assim como a falta de profissionalização dos dirigentes, que são considerados os culpados pela crise financeira que atravessam boa parte dos times brasileiros. “Infelizmente, a nossa profissionalização está começando tarde. Vários clubes passam por problemas financeiros. É preciso gestões mais profissionais e honestas. Quando fizemos a Lei Pelé, era para o jogador de futebol ser uma profissão como outra qualquer, e não mais um escravo dos clubes. Mas, infelizmente, pela falta de preparação dos dirigentes, eles passaram os jogadores para os empresários, que mandam no futebol”, avaliou.
Por fim, para o maior jogador de todos os tempos, a solução para que o futebol nacional volte a crescer passa pela punição a esses dirigentes. “Tem que ter represália. Os clubes fazem o que querem e nunca há uma punição. É preciso cobrar dos dirigentes”, completou Pelé.