O presidente eleito da CBF, Marco Polo Del Nero, culpa a escolha tática do técnico Luiz Felipe Scolari como a responsável pela humilhação que passou o Brasil diante da Alemanha, na semifinal da Copa do Mundo. Mas deixa claro que, se depender dele, Felipão continua como treinador da seleção nacional.
“Por mim, ele (Scolari) fica”, declarou Del Nero, em uma conversa exclusiva com a reportagem no hotel Copacabana Palace, no Rio. “O que aconteceu foi um erro tático. Esse foi o problema. Mas todos nós erramos. Isso acontece com qualquer um. O importante é que o trabalho foi bem feito. A campanha e a preparação foram boas. A base existe”, declarou.
Del Nero venceu as eleições na CBF e é a pessoa que, em 2015, assumirá o comando do futebol brasileiro. Ele admite que será um período de “desafios”. Mas garante que está “pronto” para assumir a função.
O dirigente ainda fez questão de destacar o “sucesso” da Copa do Mundo como evento e não descarta nem mesmo pensar em uma nova candidatura no futuro para que o Brasil receba o Mundial, a partir de 2030. “Por que não?”, questionou.
INTERVENÇÃO – Del Nero ainda respondeu às propostas do governo de realizar uma “intervenção indireta” no futebol brasileiro, um discurso usado pela presidente Dilma Rousseff depois da derrota para a Alemanha. “A participação do Estado é sempre bem-vinda, dentro dos limites do que se pode fazer”, declarou Del Nero. Mas ele deixou claro que o governo precisaria se ocupar da rede pública de escolas antes de falar em agir nos clubes brasileiros.
“A escola é a base de tudo”, declarou. “O governo precisa dar maior prioridade para o esporte na rede pública”, defendeu. “Os clubes não podem fazer tudo. Parte desse trabalho de base precisa ser construído pelas escolas”, completou.
O dirigente ainda sugeriu que propostas para o desenvolvimento do futebol feminino enviado ao governo pela CBF estão paradas há anos. Na última quinta-feira, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, e a Fifa cobraram da CBF uma operação de maior envergadura com relação ao desenvolvimento do futebol feminino no Brasil.
Del Nero, porém, alertou ainda que, quando Orlando Silva era ministro do Esporte, a CBF encaminhou um projeto para o desenvolvimento da modalidade nas universidades. Em troca de bolsas de estudos, as mulheres teriam a organização de times e de campeonatos. “Mas o projeto nunca andou”, comentou Del Nero.