Miguel Gomes dos Santos não recebeu bem a notícia de que a mãe irá disputar os Jogos Olímpicos do Rio. “Mas você já foi para o Pan”, argumentou. O garoto de apenas cinco anos só agora começa entender melhor o que é uma Olimpíada, objetivo alcançado tanto pelo pai, Marilson, quanto pela mãe, Juliana.
A relação entre a Olimpíada e o garoto não é das mais amistosas. Afinal, por causa dela, os pais vão ficar um mês longe. Nesta terça-feira, Marilson e Juliana viajam até Paipa, na Colômbia, cidade localizada a 2.500m de altitude. A distância para o nível do mar é um fator determinante na preparação de fundistas para a Olimpíada.
“Não dava para levar ele. A gente tem que estar concentrado nos treinamentos”, diz Juliana, que vai deixar Miguel com os pais dela, em Santos. Classificada para os 3.000m com obstáculos, ela está acostumada a precisar viajar sem o menino, que não esconde sentir falta dos pais.
Mas essa deverá ser a última vez que os dois ficarão distantes por causa de uma competição. Se Juliana está indo para a primeira Olimpíada, Marilson vai parar depois de correr a maratona no Rio. Miguel entende que os dois vão competir na “corrida”, com a diferença que a mãe precisa “pular obstáculos”.
No Pan, Juliana ganhou o ouro nos 5.000m. À época, Miguel ficou com Marilson, que não se classificou para o Pan. Desta vez, o menino só voltará a ver o pai na reta final da Olimpíada. Juliana compete no dia 13 de agosto e, se avançar à final, também dois dias depois. Miguel a verá pela tevê. Depois, irá ao Rio para assistir à maratona junto da mãe, no dia 21, último dia dos Jogos.
Na volta de Paipa, ela ainda deve passar por Santos para matar a saudade do filho. Marílson vai direto da Colômbia à Cidade Maravilhosa. “Fico no Rio até o dia da prova, para me adaptar, porque há uma diferença muito grande no clima, especialmente a alta umidade relativa do ar”, conta. “Estou esperançoso, porque a maratona é uma das provas em que tudo pode acontecer.”