Um encontro casual seguido pelo convite bastou para Zé Maria, ex-lateral-direito de destaque por onde passou nos anos 1990 e 2000, aceitar o desafio de recolocar a Portuguesa, clube onde foi revelado para o futebol, no caminho das vitórias e das glórias do passado. Aposentado dos gramados em 2008, no próprio time do Canindé, a vontade de ser treinador apareceu rapidamente e, mais de dez anos depois, agora está tendo a chance de comandar a sua equipe de coração.

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Contratado em maio, Zé Maria sabe que o caminho é árduo para a Portuguesa voltar a ser destaque até mesmo no cenário estadual – pelo segundo ano seguido não conseguiu o acesso na Série A2 e agora disputa apenas a Copa Paulista, torneio de menor relevância no Estado e que dá vaga na Série D do Brasileiro ou na Copa do Brasil aos finalistas. Mas seu amor e respeito pelo clube falou mais alto.

“O convite para treinar a Portuguesa chegou por acaso. Eu fui no Canindé para encontrar um amigo para assistir um jogo do sub-20 do Palmeiras. Acabei encontrando o presidente, Alexandre Barros, e ele me fez o convite para treinar a equipe. Aceitei pelo amor e respeito que tenho por esse clube. A expectativa é de fazer um bom trabalho e recolocar a Portuguesa no cenário nacional”, disse Zé Maria, hoje com 45 anos, em entrevista ao Estado.

O começo de trabalho, com atletas jovens em busca de reconhecimento, não está sendo fácil. Depois de passar um mês e meio fazendo amistosos e jogos-treino – até contra a seleção da Bolívia, que disputou a Copa América -, as duas primeiras partidas oficiais não foram do jeito que Zé Maria queria. A Portuguesa perdeu para o Deportivo Brasil, por 3 a 0, e para o Nacional, por 3 a 2. A reabilitação veio contra o Corinthians, que joga a Copa Paulista com um time sub-23, na última segunda-feira, com a vitória por 2 a 1, em Osasco (SP), pela terceira rodada.

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“O meu contrato é até o final da Copa Paulista. Os torcedores e as pessoas que estão ao redor da Portuguesa podem esperar um time com muita vontade de ganhar, de fazer a diferença para o lado positivo. Vamos trabalhar duro para que possamos buscar o nosso objetivo que é colocar a Portuguesa de volta em seu lugar de destaque”, comentou.

Revelado nas categorias de base do Canindé, Zé Maria teve duas passagens na Portuguesa. A primeira foi de 1991 a 1996, quando vestiu a camisa rubro-verde em 119 partidas e marcou cinco gols. A segunda foi em 2008, pouco antes de se aposentar dos gramados. Além da equipe, também atuou como jogador no Palmeiras, Cruzeiro e Vasco, no Brasil, e Perugia, Parma, Inter de Milão e Levante, na Europa.

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Após encerrar a sua carreira como jogador, Zé Maria começou a sua carreira como técnico na Itália, onde fez cursos, e depois migrou ao Leste Europeu para comandar equipes da Romênia e da Albânia, além de ter uma passagem no continente africano, no Quênia. Nesses dois últimos países, chegou a receber convites para assumir a seleção nacional, mas declinou de ambos.

“Encerrei a minha carreira em 2008 aqui na Portuguesa e sempre pensei em ser treinador, era o meu objetivo. Os primeiros trabalhos foram para pegar experiência e colocar em prática o que eu havia aprendido com os meus cursos na Itália”, revelou Zé Maria, que tem como referência o italiano Carlo Ancelotti, hoje no Napoli, que foi seu técnico no Parma em 1996. “Tive vários treinadores bons e que me ensinaram a como administrar um grupo e como um treinador centrado tem que ser. O Carlo Ancelotti é um grande exemplo pra mim”.

Buscando um lugar ao sol no futebol brasileiro, Zé Maria diz não se importar com a atual situação da Portuguesa. Só quer mesmo é ajudá-la a voltar a ser destaque. “Para mim, voltar a trabalhar na Portuguesa, agora como treinador, é um motivo de orgulho, de amor, pois comecei aqui com 11 anos de idade. Então vou buscar transmitir a todos o que eu senti aqui, esse orgulho de vestir a camisa da Lusa, independente da situação que ela se encontra e vamos atrás dos resultados”, completou.