D epois de dizer que não luta mais pelo Brasil, o boxeador Acelino Popó Freitas, campeão dos superpenas versão Associação Mundial de Boxe e Organização Mundial de Boxe, ameaça pedir naturalização norte-americana.
“Acho que poderia ter algumas vantagens. Já tive algumas propostas e como vivo seis meses lá e seis aqui estou estudando a possibilidade, juntamente com o meu empresário (Art Pellullo, também norte-americano)”, afirmou o lutador baiano, que dia 15 de março expõe seus cinturões, provavelmente, em Las Vegas, no ringue do ginásio do Hotel MGM, diante do mexicano naturalizado norte-americano Gabriel Ruelas.
Popó, que viaja dia 6 para Porto Rico para a parte final de seus treinamentos, afirmou que o processo para a naturalização não deverá ser complicado. “Em todas as minhas entrevistas sempre destaco minha preocupação com as drogas e outros problemas sociais. Sei que as autoridades norte-americanas gostam de mim e isso pode ser favorável.”
Há um ano sem patrocínio, Popó diz estar triste com o tratamento recebido pelo público e pelos empresários brasileiros. “Fica difícil viver só das bolsas. Preciso cuidar da minha família e pagar toda a preparação do meu treinamento. Acabo ficando com muito pouco”, afirmou o lutador, pelo celular diretamente de um cinema em Salvador.
O melhor pugilista brasileiro da atualidade vai se encontrar com o ministro dos Esportes, Agnelo Queiroz, na próxima semana. “Ele ficou sabendo da minha situação e disse que vai me ajudar”, afirmou Popó, que ficou sensibilizado com a preocupação do ministro. “Nunca disse que deixarei de amar meu País, mas preciso de dinheiro para ajudar toda a minha família, que depende de mim.”
Sobre seu combate com o ex-campeão mundial Gabriel Ruelas, o pugilista brasileiro mostra-se confiante. “Ainda não vi as fitas com os combates dele (Ruelas). Mas sei que é um lutador que gosta de vir para cima e acredito em uma luta bem movimentada.”
Ruelas quase abandonou a carreira, após o combate de maio de 1995, quando seu adversário, o colombiano Jimmy Garcia, morreu, dias depois. Na época, Ruelas disse que não conseguiria viver com o “fantasma” de Garcia. Gabriel e seu irmão, Rafael, marcaram época no início dos anos 90, quando ganharam títulos mundiais.
Segundo Popó, o combate diante de Ruelas será o principal da noitada em Las Vegas. “No meu contrato está escrito que todas as minhas lutas serão as principais do programa.” Laudelino Barros e Kelson Carlos, que também têm contrato com o empresário de Popó, são alguns dos brasileiros que deverão fazer combates preliminares.
Depois de Ruelas, Popó ainda não sabe qual será seu futuro. Uma coisa parece certa. O baiano não subirá de categoria, como chegou a ser especulado há alguns meses. “Agora não tenho mais problema para manter o peso”, afirmou Popó, que chegou, neste período sem lutas, a pesar 72 quilos, 14 a mais que o limite da categoria.
Desta forma, parece que o sonhado duelo com o norte-americano Floyd Mayweather jamais será realizado, pois o lutador dos Estados Unidos já atua entre os leves. O mais provável é que a revanche com o cubano Joel Casamayor tenha espaço até o fim do ano. “Ele (Casamayor) quer a revanche, mas deverá esperar mais um pouco”, afirmou Popó, referindo-se ao adversário que derrotou em 12 de janeiro do ano passado, por pontos, em Las Vegas, conquistando o cinturão da Associação Mundial. O último combate de Popó foi diante do nigeriano Daniel Attah, nos Estados Unidos. O brasileiro venceu por pontos, após 12 assaltos em sua primeira defesa do título unificado.