No jogo do medo em Campinas, nesta quarta-feira, a Ponte Preta reconquistou a vitória que havia sido confiscada pelo STJD. Derrotou o São Paulo por 2 a 0 e pulou do 12º para o 10º lugar com 44 pontos. O salto na tabela nem teve muito importância. Valeu pelo resgate de um resultado que conseguiu no campo e depois foi tirado nos tribunais.
O São Paulo também não saiu "derrotado". Técnico e time entraram desinteressados, apenas para cumprir ordens superiores e não manchar ainda mais o contaminado Campeonato Brasileiro.
Na véspera do jogo, muita tensão com a morte do torcedor da Ponte Preta, Anderson Thomás. A PM se mobilizou com mais de 500 homens. A cidade parou e até os jogadores do time de Campinas pediram para a torcida não ir ao estádio.
O jogo começou em clima de paz. Na grande área de Rogério Ceni, um filhote de Quero Quero aninhava sob as asas da mãe. No banco do São Paulo, o técnico Paulo Autuori constrangido por comandar o time no jogo que ele não queria que se repetisse. Não havia nenhuma tensão no estádio na noite fria de Campinas.
Os jogadores da Ponte eram os mais ansiosos. Entraram dispostos a confirmar a vitória (1 a 0) no jogo que foi anulado no "crime do apito". Era questão de honra.
Do lado do São Paulo, um time improvisado sem o menor entrosamento. O volante Alê na lateral-direita. No meio-de-campo o veterano Mineiro ao lado dos jovens Denílson (17 anos) e Leandro Bonfim (21). No ataque, o experiente Chrisitan e promissor Thiago Ribeiro. Uma equipe sem coordenação e nenhuma inspiração.
Apesar do adversário remendado, a Ponte não perdeu o respeito. Diante do campeão da Libertadores, jogou fechada com três zagueiros, fiel ao esquema 3-5-2. Nos contra-ataques, a única saída para repetir a vitória. Uma boa alternativa, até porque a zaga do São Paulo jogava em linha e o meio-de-campo vacilava na marcação.
Aos 20 minutos, o time de Campinas tirou proveito da "linha de impedimento" do inimigo. Elson achou Zé Carlos, que tocou para Izaías fazer o primeiro gol.
A vantagem deu à Ponte a certeza de que deveria continuar lá atrás esticando bolas nos contra-ataques. Emplacou pelo menos dois bons contra-golpes que levaram perigo a Rogério Ceni, aos 38 e aos 44 minutos.
E o primeiro tempo acabou com o técnico Estevam Soares rouco, de tanto gritar com o seu time. E Paulo Autuori sereno, contando os minutos para voltar para casa.
O segundo tempo começou sem muita emoção. A diferença: Autuori estava mais agitado. Tentativa de endireitar o seu time. Aos 11 minutos, sobrou uma falta na medida para Rogério Ceni bater. O goleiro bateu bem, como sempre, mas Lauro evitou o gol.
Autuori, aos 15, tirou Leandro Bonfim e Christian, colocou Souza e Tardelli ? mudanças para dar mais força ao ataque. Quatro minutos depois, Denílson carimbou o travessão de Lauro.
Era o momento para reagir. Mas, aos 24, em bom contra-ataque, Izaías foi derrubado por Fabão na área: pênalti. Élson bateu e fez o segundo da Ponte, aos 26.
E Autuori desanimou de uma vez por todas. Seu time continuava girando, girando, sem sair do lugar. Estevam não parou de gritar. Seu time teria de confirmar a vitória que havia sido confiscada no crime praticado por árbitro Edílson Pereira de Carvalho. Gritou até o fim e teve reembolsado os três pontos preciosos.