Parecia até que os jogadores da Croácia deixaram a Praia do Forte e embarcaram na fictícia Sucupira de Odorico Paraguaçu. O treino aberto da seleção que estreará na quinta contra o Brasil teve ares de um episódio de O Bem-Amado, novela dos anos 70 que era uma sátira das situações muitas vezes bizarra que os políticos se envolviam para se promover. Pois não faltaram elementos para transformar a atividade num pandemônio.
Antes dos jogadores entrarem em campo, o ex-atacante Davor Suker, artilheiro da Copa de 98, esbanjava carisma distribuindo brindes e bolas autografadas para crianças no local. Até alguns repórteres se arriscaram a tietar o ídolo, que atendeu a todos pacientemente.
Foi quando surgiu o prefeito Marcelo Oliveira (PP) e começou a estranha liturgia. De microfone na mão, o chefe de governo da cidade de Mata de São João começou a discursar agradecendo a todos e exaltando a própria obra. “Começamos isso há cinco meses praticamente do zero”, disse. Em seguida, trocou presentes com Suker – escalado informalmente para ser o embaixador da delegação – e elogiou o ex-jogador.
O prefeito, então chamou a Filarmônica local, composta por jovens da cidade, para tocar o hino da cidade de Mata de São João e em seguida o hino croata. Os atletas tiveram que interromper o aquecimento para se perfilarem e cantarem. A essa altura já era grande a confusão na área de imprensa, com pessoas com e sem credencial tentando acessar o campo e sendo retiradas pelos seguranças.
No fim, os jogadores distribuíram mais bolas e os presentes chegavam a se atirar no chão e trocar empurrões para conseguir um brinde. Uma idosa com um bebê recém-nascido foi derrubada, mas conseguiu se equilibrar e caiu sentada sem maiores consequências. Muitos pediram camisas para os atletas, mas curiosamente poucos sabiam os nomes dos mesmos.
O pequeno Luiz Gustavo, de 12 anos, assistiu ao treino munido do seu álbum de figurinhas e passou boa parte do tempo procurando os atletas no campo. No fim, acabou tendo o livro autografado por alguns jogadores.
POUCA AÇÃO – Com tanta bagunça e gritaria, os jogadores fizeram apenas treinos técnicos em campo reduzido e algumas movimentações táticas, mas o técnico Niko Kovac não deu pistas do que deve ser o time que enfrentará o Brasil no dia 12. As próximas atividades serão abertas para a imprensa por apenas 15 minutos para a captação de imagens.