Depois de um dia de confusão, furtos e invasões de campo, os responsáveis pela presença da seleção brasileira em Weggis tomaram providências, reforçaram a segurança e adotaram novas táticas, como a utilização de agentes disfarçados de torcedores nas arquibancadas.
"Que vergonha", disse Phillipe Huber, dono da Kentaro, empresa que negociou a ida do Brasil para a Suíça e que, em tese, é quem cuida da segurança.
No fim do treino de sexta-feira, alguns torcedores invadiram o gramado, driblando a segurança e mostrando as falhas no sistema. Após ter agarrado Ronaldinho Gaúcho no meio do campo, a potiguar Sheila Soares voltou para o Brasil ontem, de férias, mas garantiu que retornará para a Copa. "Não me arrependo e estou planejando fazer isso de novo no jogo contra a Croácia (em 13 de junho, em Berlim, na estréia brasileira no mundial)."
Fontes do Comitê Organizador de Weggis revelaram que levaram um "puxão de orelha da Confederação Brasileira de Futebol (CBF)", que insistiu que os treinos poderiam ser abertos, desde que a torcida não causasse problemas. "Dobramos o número de seguranças", afirmou Huber.
Carlos Alberto Parreira declarou, no início da semana, que poderia retirar o time de campo se a festa dos torcedores ameaçasse a paz da preparação da seleção. O treinador ficou irritado com os incidentes, mas prometeu não alterar o local das atividades. Pelo menos por enquanto.
Ontem, na entrada do Estádio de Weggis, os policiais foram instruídos a checar os ingressos com maior atenção, enquanto seguranças privados eram colocados à beira do gramado para observar o comportamento da torcida na arquibancada. Para completar, policiais à paisana foram distribuídos entre os torcedores para evitar qualquer ameaça. Segundo um dos organizadores, alguns desses agentes estariam até mesmo com camisas da seleção para não serem notados.
A sala de imprensa montada pela Fifa também ganhou policiamento, depois que dois computadores portáteis e uma máquina fotográfica digital foram roubados, na tarde de sexta-feira. "Estamos gastando mais de US$ 1 milhão apenas para garantir a segurança da estadia da seleção", afirmou um componente do Comitê Organizador.
Os jornais suíços também destacaram a confusão em Weggis, enquanto a população local, acostumada com a tranqüilidade, registrou as primeiras queixas com os organizadores. A principal delas é quanto ao barulho feito pelos torcedores nas ruas de Weggis, cidade muito calma até a semana passada.
Novos problemas
Foram registrados mais dois casos de furto na manhã de ontem, nas proximidades do Estádio de Weggis. Uma senhora ficou sem a bolsa e um rapaz viu sua carteira ser levada por um trombadinha. "Nunca vimos nada parecido aqui", lamentou um dos chefes da segurança, que preferiu não se identificar.